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Vira e mexe e o mundo se depara com um grande mistério. O mais recente é o sumiço do voo 370 da Malaysia Airlines, no último dia 8. O desaparecimento do Boeing 777 conjuga dois enigmas: um da morte e outro da vida. Se o avião caiu, os 227 passageiros e 12 tripulantes devem estar mortos. E a morte é o grande mistério da existência – o que talvez explique o mórbido interesse que acidentes aéreos exercem. Mas nem mesmo é possível ter essa certeza. A despeito da moderna tecnologia que o engenho humano conseguiu construir, não se sabe o que aconteceu com a aeronave – ao menos até o término deste texto. Ela pode ter sido sequestrada e estar em algum local ermo. Mas onde, enfim? E por que ninguém assumiu a autoria? Não saber o que ocorreu é inquietante. Assim como a própria vida.

O homem sempre busca causas para fenômenos e fatos. Faz parte de sua natureza. O mistério é uma barreira que contém esse movimento natural. É como encontrar um vistoso baú e não conseguir abri-lo para ver o que há dentro – por sinal, a palavra grega mystérion (coisa secreta) vem de mýstes, que significa "aquilo que se fecha".

Alguns desistem de abrir o baú. Ignoram-no. E seguem a vida. Outros, frustrados, passam a acreditar em suposições variadas sobre seu conteúdo. Seguem na ignorância, como os primeiros. Mas sempre haverá aqueles que insistirão em desvendar os mecanismos da fechadura na esperança de trazer seu interior à luz. Esse caminho é uma desconfortável aposta no incerto. Mas descobrir algo intrigante, afinal, pode ser prazeroso e estimulante. Não à toa, romances, filmes e séries televisivas que apostam no suspense costumam fazer sucesso.

Contudo, na ficção os enigmas são esclarecidos no fim – quando não o são, o público resmunga. Mas nem sempre é assim na vida. Talvez a misteriosa caixa nem mesmo possa ser aberta. As perguntas mais essenciais nem sempre respostas definitivas.

Nas asas do voo 370, essa realidade vem à tona. A civilização tecnológica está diante de um enigma. Talvez nunca obtenha as respostas que procura. Mas a busca continua. Assim é a vida. Um mistério.

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