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A divulgação de todos os vencedores do Nobel deste ano terminou na segunda-feira sem nenhuma surpresa para o Brasil. São 110 anos do principal prêmio internacional da ciência sem que o país tenha nem sequer um único escolhido. A irrelevância brasileira na premiação sueca é um retrato da desimportância histórica da educação e da pesquisa científica na agenda da elite política e econômica da nação, a despeito dos discursos em contrário.

Há sinais de avanço, é preciso reconhecer. Mas são tímidos. Na semana passada, o Brasil conseguiu colocar uma universidade – a Universidade de São Paulo – entre as 200 melhores do mundo, segundo ranking elaborado pela Times Higher Education (THE), uma das mais respeitáveis instituições internacionais de avaliação da qualidade acadêmica. A USP figura, porém, numa modesta 178.ª colocação. É pouco para um país que é a sétima maior economia do mundo.

O pouco prestígio das universidades brasileiras no exterior também é sintoma de outro problema nacional: um viciante modelo concentrador de renda. A existência de instituições de ensino superior de alta qualidade em maior número significa mais oportunidades para os cidadãos conquistarem bons empregos ou lançarem negócios de sucesso. Restringir a educação superior em nível de excelência é contentar-se com uma reduzida elite pensante e econômica.

O Brasil parece trilhar o segundo caminho. O país tem apenas uma universidade na lista das 200 melhores do planeta, mas conta com sete brasileiros no ranking das 200 pessoas mais ricas do mundo, de acordo com a lista da revista Forbes divulgada em março. A qualidade da educação e da ciência nacional, portanto, não está acompanhando o ritmo do enriquecimento da nação.

Ao analisar mais detidamente o ramo de atividade desses bilionários, também fica evidente que o desenvolvimento do país se baseia, em pleno século 21, na indústria do século 20. Petróleo, mineração, siderurgia, têxteis, bancos e bebidas fazem a fortuna dos brasileiros mais ricos. Nenhum deles ganhou dinheiro com as novíssimas tecnologias da informação e da biologia – como ocorre, aliás, com a economia do Brasil de um modo geral.

Em um planeta cada vez mais globalizado e mergulhado na era da informação, essas características brasileiras podem se tornar uma enorme desvantagem competitiva do país num futuro próximo. Será preciso que a elite política e econômica da nação aprenda o verdadeiro valor da educação e da pesquisa. E que invista nisso, procurando produzir e não apenas importar conhecimento.

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