• Carregando...

Não é mera coincidência que as palavras "professor" e "profissão" se pareçam. Ambas têm a mesma origem etimológica: o termo em latim professum – o ato de declarar algo publicamente. Professar, portanto, é tornar pública uma crença, opinião, confissão. O professor é aquele que ensina algo que, de outro modo, ficaria oculto: o conhecimento. E praticar uma profissão também é mostrar algo – que se sabe exercer um ofício.

É possível ainda ver outra ligação entre os dois termos nascidos de mesma mãe. Professor é a profissão das profissões. Afinal, ninguém aprende algum ofício – qualquer que seja – sem que tenha aprendido com um mestre. Mesmo atividades aparentemente novas, inventadas por uns poucos visionários, só são possíveis com um conhecimento anterior mínimo que foi repassado por outras pessoas. Ninguém cria nada do nada.

Mas a origem das palavras costuma se perder no tempo. E parece que frequentemente também se esquece qual é a profissão das profissões. Ainda que o discurso seja o contrário, o magistério anda desvalorizado. E isso é como solapar o pilar de uma sociedade. Uma hora a casa cai.

E o desprestígio não é apenas salarial. Reflete-se também no reconhecimento público. Não faz muito tempo que exercer a docência assegurava distinção social. A professorinha da vila era reconhecida e admirada – diferentemente do que se vê hoje em muitas partes, com casos de desrespeito e violência em sala de aula.

Mas há esperança para celebrar neste Dia do Professor. O respeito pelos mestres não está morto, apenas embotado na memória. E reaparece aqui e acolá. O docente universitário, por exemplo, ainda é o porto seguro ao qual se recorre na busca pelo conhecimento. E persiste no imaginário popular, ao menos em alguns meios, a antiga ideia da distinção: para os jogadores de futebol, o "professor" é o líder, o treinador.

Também há certo consenso econômico-pragmático de que o país não pode mais negligenciar o ensino – e, por consequência, os professores. Fala-se em apagão educacional: o Brasil corre o risco de parar de crescer por falta de mão de obra qualificada, que seja educada nos bancos escolares.

Ser professor havia se tornado uma espécie de profissão de fé. Uma fé na educação sem que houvesse uma sólida base material para sustentá-la. Caso contrário, por que, então, optar pelo ensino se outros ofícios são mais valorizados? Mas talvez haja uma mudança no ar. Quem sabe não chegou a hora de a atividade do professor voltar a ser reconhecida como a profissão das profissões.

Dê sua opinião

O que você achou da coluna de hoje? Deixe seu comentário e participe do debate.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]