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Um site que acho bacana, o More Intelligent Life, um filhote da revista The Economist, está fazendo uma enquete: qual é a capital do mundo? Diz lá: "Roma, Constantinopla, Nova York já tiveram sua chance." E agora? Eu achava que Nova York ainda era a capital do mundo, mas se esse pessoal está discutindo isso é porque o reinado deve estar ameaçado. Além de votar em uma das dez mais cotadas, a enquete dá a possibilidade ao leitor de sugerir uma nova cidade. Foi minha chance: propus Peabiru para capital do mundo.

Peabi... o quê? O leitor pode estar se perguntando. Peabiru, a cidade onde esta colunista nasceu. Fica perto de Farol – já ouviu falar? Bem, Peabiru é no Paraná e é bem pequena. Claro que não pode ser capital do mundo, mas não posso perder a chance de pôr o lugar no mapa-múndi.

(Aliás, nasci em uma cidadezinha que ninguém conhece, levo o sobrenome mais comum do Brasil e fico me arvorando em discutir a capital do mundo. Isso é uma prova de como esse nosso mundo é incrível.)

As mais votadas na tal enquete foram Nova York (disparada na frente), seguida de Londres, Cingapura, Washington, Xan­­­gai, Pequim, Délli, Cidade do México, Tóquio, Mumbai, Paris e Istambul.

Reconheço as qualidades das cidades europeias, mas não voto nelas por uma razão objetiva (estamos passando claramente por uma época de transição de poder no mundo, que pode se prolongar por décadas, mas que está trazendo para frente da ribalta países que antes eram secundários) e por uma razão emocional (os europeus já mandaram e desmandaram tempo demais).

Dito isso, admito que a perspectiva de ter uma nova superpotência vinda do Oriente (a China) influenciando o mundo me deixa desconfortável. Parte do temor vem da minha ignorância sobre a China. Outra parte vem do temor de que esse país seja capitalista demais. "Ah, a China é comunista", me dirá o leitor. É verdade, mas você já viu comunista mais preocupado em enriquecer do que a China? Ou seja, será que o mundo vai trocar seis por meia dúzia?

Não conheço a China, mas estive no Tibete. Lá, o progresso parece ter sido enfiado à força na garganta dos tibetanos. Cidades pequenas com populações que vivem de atividades tradicionais ganharam uma grande avenida com seis pistas (que ficam desertas a maior parte do tempo), lojas de departamentos (onde um ou outro chinês faz compras e nenhum tibetano parece entrar) e hotéis enormes. É como se Peabiru fosse rasgada por uma Avenida Paulista de três quadras só para mostrar que não somos pouca coisa. É artificial e violento, até.

Não fui só eu que dei uma de louca e coloquei uma cidade estranha (para o resto do mundo) na lista. Alguém incluiu Mestia (2 mil habitantes, em uma encosta do Cáucaso, na Geórgia). E algum brasileiro metido como eu sugeriu Cachoeiro de Itape­­mirim. Se Cachoeiro virasse capital do mundo, substituindo Nova York, uma questão já estaria resolvida. Roberto Carlos ocuparia a posição que um dia foi de Frank Sinatra ("If I can make it there, I will make it anywhere..."). A voz não é a mesma, mas ele tem lá seu charme.

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