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Vídeo: | Reprodução RPC TV
Vídeo:| Foto: Reprodução RPC TV

Quem passa constantemente pelo cruzamento da Rua João Negrão com a Avenida Sete de Setembro já pode ter sido testemunha de um fato insólito que vez por outra acontece: deparar com algum caminhão entalado em baixo do viaduto ali existente, conhecido popularmente como a Ponte Preta.

Desde a inauguração da Estrada de Ferro Curitiba–Paranaguá, em 1885, o tal viaduto teve a função de fazer com que as composições ferroviárias transpusessem acima da Rua João Negrão, para chegar, cem metros à frente, à Estação de Curitiba. Esse mesmo viaduto foi refeito no início da década de 1940, mais reforçado, para suster tráfego de comboios de grande tonelagem.

A Ponte Preta logo caiu no folclore da cidade. Foi usada por muitos anos como local de venda de caranguejos trazidos de Paranaguá e Antonina, ao que se juntavam frutas de serra abaixo, vindas de Morretes. O pessoal que gostava de fazer uma fezinha no jogo do bicho comentava, quando o resultado não era pela loteria federal, que o resultado do dia tinha corrido no chapéu embaixo da Ponte Preta. Histórias pândegas eram contadas nos cafés da Rua XV, como a do aviador Mello Maluco, que tinha passado com seu avião, em um rasante, por baixo da Ponte Preta. Tinha gente que acreditava.

Com o tempo, foram desaparecendo todas as ligações que aquele viaduto fazia com as saídas e entradas dos trens para a Estação de Curitiba. Hoje está lá um trambolho, que liga nada a lugar nenhum. Todo enferrujado e inclusive oferecendo perigo aos que trafegam embaixo, isto graças ao desmazelo dos responsáveis em manter aquele totem em bom estado. Sua utilidade? Serve apenas para entalar os caminhões de motoristas distraídos.

Não pode se considerar a Ponte Preta como de valor histórico. Como memória visual serve para confundir os que não a conheceram ao tempo que funcionava fazendo a ligação com a Estação, sendo que esta, também descaracterizada, sumiu engolida pela megaconstrução em seu entorno. O próprio museu ferroviário, que foi colocado em local acanhado e cujo acervo que está à mostra aos visitantes, é de uma pobreza franciscana.

Como a Nostalgia se prende a imagens de coisas e fatos históricos, que hoje só existem em fotografias, vamos ilustrar com algumas delas para mostrar como era o espaço que hoje está sendo abordado nesta página.

As três primeiras fotos foram feitas em 1958 por este retratista que vos conta os fatos. Em primeiro, vemos uma vista aérea com a Estação e seu imenso pátio, onde notamos a presença de inúmeros vagões. A segunda imagem mostra uma locomotiva Maria-Fumaça, tendo ao fundo o prédio da Rede Viação Paraná–Santa Catarina. Na terceira foto, vê-se uma composição pronta para partir, com alguns passageiros e caixas de cargas sobre a plataforma.

A quarta fotografia mostra os operários da firma Machado da Costa montando a nova Ponte Preta, no início da década de 1940. Na quinta imagem, vamos dar um pulo até o dia 24 de outubro de 1912, quando a tropa do Regimento de Segurança embarcava para combater os fanáticos comandados pelo monge José Maria, na região do Contestado. A sexta fotografia apresenta a partida de autoridade visitante em 1913. A importância da Estação da Estrada de Ferro pode ser apreciada pelo volume de povo presente ao bota-fora.

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