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      Existiu um cara em Curitiba que a história, tanto da cidade como do Paraná, deve a ele a preservação. Não era um letrado historiador mas sim, um senhor fotógrafo. Nasceu na Colônia Nova Tyrol, hoje município de Piraquara, em 19 de janeiro de 1887 e, ainda menino veio com a família para Curitiba. Matriculado na Escola de Artes e Ofícios deu seus primeiros passos na arte da marcenaria. Em 1910 aparece trabalhando em uma oficina de artes gráficas na Rua 15 de Novembro. No ano seguinte já estava funcionando com uma tipografia própria na Praça Tiradentes número 27, época em que surgem suas primeiras incursões na fotografia.

      Esperandio Domingos Foggiatto, a nossa ilustre figura. Na década de 1920 Domingos Foggiatto, como passou a ser conhecido, se interessa pelos espetáculos de cinema, influenciado pela convivência que tivera com Francisco Serrador que foi proprietário da primeira sala de cinema de Curitiba, no então Coliseu Curitibano. Foggiatto se associa a Francisco Zanicotti e Henrique Oliva e funda o Cine Central no inicio da Rua 15 de Novembro. Em 1929, no mês de dezembro, o cinema foi transformado no cassino e cabaré Moulin Bleu, já sem a presença de H. Oliva que havia se retirado da sociedade em 1921.

      Ainda com Francisco Zanicotti, monta o Cine América na Rua Dr. Murici e o Cine Floriano na Rua Marechal Floriano, isto em janeiro de 1922. Com a sua atividade no cabaré Foggiatto se desloca constantemente para a cidade de São Paulo para contratar artistas, fato que lhe da oportunidade de exercer a atividade de empresário circense, trazendo vários pavilhões de lona para Curitiba e outras cidades. Ainda na década de 1920 agencía o Circo Queirolo em sua primeira visita a Curitiba.

      Domingos Foggiatto se revela uma pessoa de múltiplas facetas profissionais. Em suas viagens vai fotografando por onde passa, existem inúmeras fotos feitas na capital e no interior de São Paulo, principalmente na década de 1930. Pelos seus conhecimentos gráficos é convidado a chefiar as oficinas do jornal O Dia, logo na sua fundação. Em 1930 J.B. Groff e W. Fischer filmam a revolução e contratam Foggiatto para montar a Pátria Redimida, ele aceita recebendo em troca a distribuição do filme e uma copia da obra, na montagem ainda usa os préstimos do jornalista Barros Cassal para fazer os textos das seqüências.

      Durante a década de 1930 Domingos Foggiatto se entrosa na fotografia e começa a fornecer material para jornais e outras impressões que surgem em Curitiba. Em 1937 é contratado pela Gazeta do Povo e logo depois se transfere para o Diário da Tarde. Em 1940, a convite do interventor Manoel Ribas, recebe o cargo de fotógrafo oficial do Estado. Em 1957 aos 70 anos, quando parou, fechava o ciclo que ele criou como repórter solerte; tudo que pode testemunhar registrou com suas câmeras. São milhares de imagens de tudo que se possa imaginar, a história do futebol está arquivada em dezenas de milhares de negativos. Era comum um juiz esperar a chegada de Foggiatto para registrar a pose dos times e, ai sim, começar o jogo.

      Esperandio Domingos Foggiatto fechou os olhos para as imagens deste mundo no dia 17 de fevereiro de 1970. Cuja missão profissional foi excepcionalmente cumprida. Sua vida, pela riqueza de nuances, vale um livro a ser publicado.

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