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| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

A parte metropolitana da Rede Integrada de Transportes (RIT) passou praticamente incólume à greve do setor deflagrada na última terça-feira (12). Por trás dessa calmaria, estão aumentos na tarifa, enxugamento de linhas – a chamada racionalização do sistema – e um subsídio mensal do governo estadual de R$ 3,8 milhões. A prefeitura de Curitiba custeia sozinha os custos da infraestrutura com tubos e terminais, uma despesa que não está na tarifa, mas eliminou seus subsídios para cobrir os custos dos operadores.

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As linhas metropolitanas integradas passaram a ser gerenciadas pela Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) no primeiro semestre do ano passado. Essa fatia do sistema corresponde a cerca de 30% da RIT. Até então, essa gestão era exclusiva da Urbs. Agora, a empresa vinculada a prefeitura cuida dos demais 70% exclusivos da capital.

Alegando falta de dinheiro, os empresários do setor têm atrasado salários em Curitiba desde o ano passado. Eles afirmam que o valor repassado pela prefeitura por passageiro é insuficiente para cobrir os custos do transporte. Atualmente, a chamada tarifa técnica está em R$ 3,27 – R$ 0,13 a menos do que as viações queriam para fevereiro do ano passado. A revisão desse valor é feita sempre no início do ano. Em 2015, ela ocorreu no final de setembro e houve um repasse retroativo, mas as empresas reclamam de ter trabalhado 2015 inteiro com custos daquele ano e receita de 2014.

A prefeitura, por sua vez, diz ter calculado o reajuste em cima de parâmetros contratuais técnicos. Nesta semana, uma fonte do executivo municipal disse que um aumento para até R$ 3,80 para a tarifa dos usuários está sendo estudado como consequência de uma nova correção na tarifa técnica (leia mais na coluna de Rogério Galindo, ao lado).

Nas linhas metropolitanas, a tarifa técnica está em R$ 4,40. Esse valor foi definido entre abril e maio do ano passado – um reajuste de 5% em relação ao valor praticado em 2014. Ela também deverá ser revista no próximo mês. Assim como Curitiba, o sistema metropolitano adota a divisão do custo por quilômetro pelo chamado IPK (Índice de Passageiros Equivalentes) -- um fórmula que reúne passageiros pagantes e quilometragem média.

Historicamente, os custos do sistema da capital são menores porque as linhas metropolitanas são geralmente maiores e não contam com a mesma infraestrutura de vias exclusivas. Mas essa realidade vem mudando (veja no gráfico). Quando a gestão estava com a Urbs, o estado repassava R$ 7 milhões ao mês para manter a tarifa das linhas metropolitanas igual a de Curitiba. O repasse atual é de pouco mais da metade disso.

Apesar da aparente tranquilidade do sistema metropolitano, algo ainda não está resolvido. O chamado Lote 4, das linhas integradas, e também as não integradas operam em caráter precário. Ou seja, não houve licitação como em Curitiba. No ano passado, o diretor da Comec, Omar Akel, havia dito que pretendia licitar o sistema ainda em 2016.

Enxugando

Para conseguir toda essa economia, a Comec vem reestruturando o sistema. É o que o governo chama de “otimização da rede”. Na prática, cinco linhas de Ligeirinho que antes vinha até a região central de Curitiba foram encurtadas e linhas foram encerradas sob o argumento de que eram sobrepostas e deficitárias. Além disso, o estado implantou o chamado degrau tarifário nas cidades de Bocaíuva do Sul, Rio Branco do Sul, Itaperuçu e Contenda. Agora, esses passageiros pagam R$ 4,40 para se integrar à RIT M. Na volta, eles continuam desembolsando R$ 3,30.

Transparência

A RIT M transporta, em média, 5 milhões de pessoas por mês, movimentando cerca de R$ 20 milhões mensais. A gestão do sistema de bilhetagem eletrônica dessas linhas é feita por uma associação das próprias viações, sob fiscalização da Comec. Essa transferência de competência –em Curitiba, é a Urbs quem faz esse serviço – também trouxe uma economia de 4% no custo. Na tarifa metropolitana não há a taxa de administração do órgão gestor. Em contrapartida, há críticas de que o modelo é menos transparente pelo fato de o dinheiro não passar por um fundo público como em Curitiba.

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