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O movimento das Margaridas não comenta sobre violências cometidas pelo MST contra mulheres assentadas.
O movimento das Margaridas, porém, não comenta sobre violências cometidas pelo MST contra mulheres assentadas.| Foto: Reprodução/ Redes sociais

Milhares de mulheres conhecidas como “margaridas” percorreram as ruas de Brasília por mais direitos “feministas”, como parte da tradicional Marcha das Margaridas que ocorre a cada 4 anos na Esplanada dos Ministérios. O evento foi marcado por críticas à gestão Bolsonaro e promessas do governo petista.

Organizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), federações e sindicatos filiados e 16 organizações parceiras, o evento teve como lema “Pela Reconstrução do Brasil e pelo bem viver”.

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Segundo os organizadores, a mobilização representa um grito de resistência e da cotidiana luta em defesa dos direitos dos povos do campo. É um movimento para as mulheres trabalhadoras rurais, indígenas, quilombolas, ribeirinhas, sem-terra, extrativistas, LGBTQIA+ e moradoras de centros urbanos apresentarem demandas e sugestões de políticas públicas ao legislativo e executivo brasileiro.

Entre as reivindicações na edição deste ano, as margaridas pedem mais poder e participação política das mulheres, “soberania alimentar, hídrica e energética”, democratização do acesso à terra, educação pública não sexista e antirracista e uma vida livre de todas as violências. O movimento, porém, não comenta violências cometidas pelo MST contra mulheres assentadas.

Outra reivindicação do movimento é pela autonomia e liberdade das mulheres sobre o seu corpo e a sua sexualidade. Trata-se de um argumento bastante comum entre as feministas, como uma forma de prevalência da escolha da mulher em caso de gravidez, abrindo margem para o aborto.

Histórico da Marcha

A Marcha das Margaridas iniciou em 2000 e recebeu o nome em homenagem a Margarida Maria Alves, líder sindical assassinada em 1983, a mando de fazendeiros de Alagoa Grande (PB). Até hoje ninguém foi punido.

A líder sindical se transformou em símbolo de resistência e luta contra a violência no campo, pela reforma agrária e fim da exploração dos trabalhadores rurais.

Nesta terça-feira (15), o Senado aprovou a inscrição do nome de Margarida Alves no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. A matéria foi sancionada pelo presidente Lula, durante o encerramento da marcha.

O último evento da marcha ocorreu em 2019, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Na época, as margaridas preferiram apenas divulgar as reivindicações via redes sociais e pela web, ao alegarem a “falta de diálogo” com o governo anterior.

A senadora Damares Alves (Republicanos-DF), ex-ministra da Mulher e dos Direitos Humanos, rebateu as críticas à gestão anterior. Segundo Damares, o governo Bolsonaro priorizou a regulamentação fundiária e distribuiu uma série de títulos de terra em nome da mulher, além de fazer uma “reparação simbólica” à morte de Margarida Alves.

“Entendemos legítima a marcha. No nosso governo, a gente fez movimentos, em 2019, para abrilhantar ainda mais a marcha. E o movimento que consideramos mais importante era o estado cumprir a recomendação da Corte Interamericana de Direitos Humanos, de 2018, sobre a reparação a Margarida Alves e quem cumpriu foi o governo Bolsonaro em 2019”, explicou a ex-ministra.

A solenidade de reparação simbólica à sindicalista ocorreu na Paraíba no dia 25 de agosto de 2019. O evento contou com a presença do filho da trabalhadora rural, José de Arimatéia Alves, que agradeceu o reconhecimento por parte do governo federal.

Damares também citou a proposta “Maria da Penha vai à roça” que foi criado na gestão anterior para trabalhar o enfrentamento à violência contra a mulher do campo, uma das pautas de reivindicação das margaridas.

Governo Lula critica gestão anterior e exalta luta das mulheres

O encerramento do evento ocorreu no final da manhã, desta quarta-feira (16), com a presença de parlamentares, ministros do governo e do presidente Lula. Na ocasião, Lula fez duras críticas a última gestão - do ex-presidente Jair Bolsonaro - e disse que “houve um apagão nas políticas para as mulheres”.

“Nossas pautas são convergentes. Foi para isso que eu voltei. Para fazer do Brasil um país capaz de corrigir as injustiças. (…) Não é possível achar normal que, exercendo a mesma função, uma mulher ganhe menos que um homem”, disse Lula.

Atendendo as reivindicações do movimento, o governo federal apresentou várias portarias e decretos como a criação dos quintais produtivos, o Pacto Nacional de Combate ao Feminicídio e um Plano Emergencial de Reforma Agrária.

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