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Palmeira – Os velórios das meninas assassinadas por traficantes em Palmeira, município a 77 quilômetros de Curitiba com 32 mil habitantes, comoveu a cidade ontem. Enquanto a população defendia o linchamento dos assassinos, familiares tentavam entender como Daiana Hartman Comin, 14 anos, e Maria Helena Cordeiro, 11 anos, se envolveram com o mundo das drogas. Elas não tinham o perfil, mas trabalhavam para traficantes distribuindo tóxicos. Em uma das vendas, não repassaram o dinheiro para os traficantes e, na quinta-feira da semana passada, foram punidas com a morte.

Os dois corpos foram encontrados na terça-feira pela polícia de Palmeira. A delegada que conduz o caso, Luciana Novaes Parolim, identificou a participação de cinco pessoas no crime, sendo um deles adolescente. Três foram presos, um fugiu e o adolescente foi levado para as medidas cabíveis. Os acusados podem ser responsabilizados pelos crimes de homicídio qualificado, ocultação de cadáver e formação de quadrilha.

O caso vinha sendo tratado deste sexta-feira como desaparecimento. O rumo das investigações mudou quando Paulo Fernandes Machado, um dos envolvidos, revelou o assassinato das meninas. Segundo ele, Daiana e Maria Helena serviam como "mula" e deviam entre R$ 500 e R$ 1 mil, resultado de uma venda que não foi repassada aos traficantes. Dois homens as atraíram para uma plantação na região rural de Palmeira. A primeira a morrer foi Maria Helena, asfixiada com um pano e esfaqueada enquanto Daiana permanecia amarrada a uma árvore. Depois de matar as meninas, os assassinos jogaram os corpos na cova previamente aberta.

Na véspera do crime, as adolescentes promoveram um lanche com guloseimas que nunca estavam na mesa delas. Alguns vizinhos chegaram a relatar que elas apareciam com produtos de consumo incompatíveis com as rendas das famílias. Alzira Hartman, avó de Daiana, ainda tem duvida do envolvimento da neta com as drogas. Segundo ela, Daiana era uma menina estudiosa, tranqüila, não saía de casa e nunca demonstrou sinais de que algo estaria errado.

Além da barbaridade, as mortes chocaram a população de Palmeira por causa do perfil das meninas, que não bate com o de adolescentes usados como "mulas" por traficantes. Ao contrário do que constata semanalmente o coronel Jorge Costa Filho, coordenador do Narcodenúncia, as adolescentes vinham de famílias estruturadas, nunca tiveram envolvimento com drogas ou qualquer outro tipo de crime. "Os adolescentes que são pegos transportando drogas não têm referência na vida, vêm de famílias desestruturadas, já apresentam comportamento negativo", afirma.

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