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Policiais militares do Rio fincaram os pés definitivamente, na manhã desta quarta-feira, na Pedra do Sapo e no Morro do Alemão, inaugurando a quarta Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) dos complexos do Alemão e Penha, e fechando um ciclo. Há dez anos, criminosos chefiados pelo traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, que dominavam o conjunto de favelas, mataram o jornalista Tim Lopes, exatamente na Pedra do Sapo.

Durante a inauguração da quarta e última UPP do Complexo do Alemão, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, disse que a UPP da Favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio, será inaugurada ainda este ano. Ele afirmou que o próximo passo do projeto de UPPs é finalizar toda a ocupação do Complexo da Penha. Beltrame acrescentou ainda que a meta do governo de implantar 40 UPPs será cumprida até 2014 com a inclusão de comunidades da Zona Oeste.

No próximo sábado, quando completa dez anos da morte de Tim Lopes, será feita uma homenagem a ele no Campo do Sargento, no Complexo do Alemão. Alunos do Colégio estadual Tim Lopes vão estender, às 6h, em um varal, um total de 3.650 lenços brancos representando cada dia destes dez anos da morte de Tim Lopes. Às 9h será realizado um culto ecumênico em homenagem ao jornalista.

Tim Lopes fazia reportagem quando foi capturado por bandidos

Desaparecido em 2 de junho de 2002 na Vila Cruzeiro, na Penha, Tim Lopes fazia uma reportagem para a TV Globo sobre um baile funk, onde crianças e adolescentes se prostituíam. Tim foi julgado e condenado por um tribunal do tráfico. Depois, foi morto a golpes de espadas pelo próprio traficante Elias Maluco. Em seguida, seu corpo foi queimado no microondas que ficava no alto da Pedra do Sapo.

Presos pela polícia dias depois do assassinato, dois bandidos da quadrilha de Elias Maluco deram os detalhes do assassinato de Tim. Em 19 de setembro do mesmo ano, Elias Maluco foi preso por policiais da Polinter numa casa no Complexo do Alemão, em Ramos. Um cerco possibilitou a captura. O bandido estava sozinho e escondido num buraco no alto do Alemão. Não reagiu. Em abril de 2003, o traficante foi condenado a 13 anos de prisão por tráfico de drogas e associação para o tráfico. O bandido cumpre pena num presídio de segurança máxima.

O microondas onde Tim foi morto não existe mais. Um operação do governo do estado ergueu uma parede de concreto fechando para sempre o local. O microondas seria implodido, mas técnicos do Esquadrão Antibombas vetaram o uso de explosivos, já que havia risco de pedras atingirem casas próximas.

A quarta UPP do conjunto de favelas vai beneficiar cerca de 20 mil moradores, segundo projeção do Instituto Pereira Passos (IPP). A unidade terá um efetivo de 320 policiais, que serão comandados pelo capitão Joel Duarte Costa Filho, que durante pouco mais de um ano e meio foi subcomandante da UPP Macacos. O Complexo do Alemão já conta com as UPPs Fazendinha, Nova Brasília e Adeus/Baiana. Segundo prevê o programa de pacificação da Secretaria de Segurança, os complexos do Alemão e da Penha contarão com um total de oito UPPs até o fim de julho, quando militares do Exército deixam a região e voltam aos quartéis.

A morte de Tim Lopes também vai parar no cinema. O assassinato será a primeira cena do filme que José Padilha vai dirigir sobre a invasão ao Complexo do Alemão, ocorrida no fim do ano passado. O produtor Marcos Prado e o diretor, os mesmos das duas sequências de "Tropa de Elite", já compraram os direitos do livro que o ex-policial Rodrigo Pimentel, hoje comentarista da Globo, escreve sobre o episódio. Até segunda ordem, livro e filme terão o mesmo título: "Batalha do Alemão". A ideia não é retratar só o momento da invasão, mas o trabalho desenvolvido pela polícia e governo desde o desaparecimento do jornalista, que comoveu o país inteiro na época.

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