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Apesar do calor e de um sol como há tempos não se vê, milhares de estudantes de Curitiba não têm muito o que desfrutar do feriado da Proclamação da República este ano. Hoje, eles estarão em sala de aula, na contagem regressiva, cada vez mais tensa, que se encerra no domingo, com a primeira etapa do vestibular da Universidade Federal do Paraná.

A carga é pesada e está estampada no semblante dos estudantes. Rostos abatidos, cansados, gente que engordou ou emagreceu por causa da ansiedade, peles pipocadas de espinhas. "Acho que engordei uns dois quilos por causa da ansiedade. Dá para ver que a turma toda anda diferente nos últimos dias", conta a candidata a uma vaga de Direito, Tatiane Meier de Oliveira, de 16 anos.

Não é fácil ter em mente todo o conteúdo do ensino médio para se sair bem numa prova de 80 questões, com no máximo cinco horas de duração – o que implica em menos de quatro minutos para se dedicar a cada uma das perguntas. Pior ainda é lembrar que de um total de 45.662 inscritos só há vagas na instituição para 4.338 novos alunos.

Postura

"Tensos, todos vão estar. A tensão, nestas horas, não é algo que se anula, mas que se administra", propõe o professor de Matemática do Positivo, Carlos Walter Kolb, que há 22 anos trabalha com pré-vestibular. Administrar a tensão, explica ele, é o aluno optar por estudar mais aquilo que já domina e tomar a mesma postura em relação ao preenchimento da prova. "Faz uma leitura geral das questões e inicia pelas que considerar mais fáceis, que ajuda a dar confiança", sugere Kolb.

O professor de Matemática do pré-vestibular Expoente, Marco Aurélio Kalinke, também destaca a importância de saber aproveitar bem o tempo de prova. "Não precisa ter pressa para sair. Se sobrar tempo o aluno deve conferir a prova, refazer cálculos e reler textos se preciso. Para não perder a questão por falta de atenção", destaca.

O problema em meio a cansaço e nervosismo, avalia Kalinke, não é tanto manter a atenção do aluno, mas sua motivação. "Os que estudaram já estão desgastados e os que não estudaram estão desesperados porque há pouco tempo para recuperar o prejuízo", explica. Por isso, é comum que nas salas de aula, além da revisão dos principais pontos da matéria, os professores invistam em mensagens de confiança e otimismo. O ponto mais destacado é que quem estudou já fez sua parte e agora é só uma questão de manutenção do conhecimento. "O aluno não deve pensar em concorrência. Ele deve ter em mente que é um dos candidatos preparados para passar no concurso", diz o professor de História e diretor do cursinho Dom Bosco, Ari Herculano de Souza.

Não são apenas os alunos que sofrem com a proximidade do vestibular da UFPR. Entre os professores, o clima também é de cansaço. "O estresse emocional nosso também é grande. Nós queremos a aprovação não só pelo aspecto profissional. Nós ligamos para os alunos e torcemos pelo sucesso deles", diz Kalinke. A professora de Biologia do pré-vestibular Decisivo, Elvira Sampaio, também sente o peso da responsabilidade se aproximando. "Não são só os alunos que dormem mau na véspera. A prova é a hora de testar todo o trabalho do ano, se caiu aquilo que a gente calculou que cairia. Se nosso trabalho correspondeu à confiança que depositaram na gente", diz ela.

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