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Operação

As envolvidas:

Casmil.

Produção diária – cerca de 250 mil litros.

Copervale.

Produção diária – cerca de 150 mil litros.

O que foi adicionado ao leite:

Água oxigenada; soda cáustica; ácido cítrico; citrato de sódio; sal; açúcar.

Algumas das compradoras:

Parmalat; Calu; Centenário.

Perigos à saúde:

Em altas quantidades:

Soda cáustica – Danifica a mucosa intestinal, causando até perfurações.

Inflama as mucosas do esôfago e do estômago, podendo causar esofagite e gastrite.

Muda o PH do sistema gástrico, o que prejudica seu funcionamento normal.

Água oxigenada – Também causa esofagite e gastrite.

Danifica a membrana das células do estômago, o que pode causar úlcera e erosão.

Em pequenas quantidades:A soda cáustica e a água oxigenada podem causar enjôos, inflamações e vômitos.

Belo Horizonte – A Polícia Federal (PF) prendeu ontem 27 pessoas e desarticulou um esquema de crimes contra a saúde pública por meio da adição de substâncias químicas não permitidas ao leite longa vida, o que o tornava impróprio para consumo. Conforme as investigações do Ministério Público Federal (MPF), a Cooperativa dos Produtores de Leite do Vale do Rio Grande (Coopervale), em Uberaba, e a Cooperativa Agropecuária do Sudoeste Mineiro (Casmil), em Passos, são suspeitas de acrescentar ao leite soda cáustica (hidróxido de sódio) e água oxigenada (peróxido de hidrogênio).

As substâncias, de acordo com a PF, eram diluídas em água – junto com outras, como citrato de sódio e ácido cítrico – numa proporção de 10% do total, e usadas para aumentar a longevidade do produto, reduzindo sua acidez. O MPF alertou que as substâncias, se utilizadas em desacordo com os parâmetros químicos indicados, "podem se transformar em poderosos agentes cancerígenos"

Como parte da Operação Ouro Branco, foi determinado o recolhimento de amostras de leite longa vida em todo o país. Segundo a PF, o produto adulterado era revendido pelas cooperativas para empresas como Parmalat e Calu, que comercializavam o produto em embalagens próprias em todo o território brasileiro. Procuradas pela reportagem, a Parmalat e a Calu negaram em nota adquirir leite dessas cooperativas.

"Não há como, hoje (ontem), recolher todo produto que está no mercado porque as empresas recebem leite de várias cooperativas. Não há como saber, sem antes fazer uma análise, se o leite que está sendo vendido é impróprio para o consumo humano", disse o procurador Carlos Henrique Dumont.

A produção diária das cooperativas chegava a 400 mil litros (250 mil da Casmil e 150 mil da Coopervale). As Promotorias de Defesa do Consumidor em Uberaba e Passos determinaram a suspensão da produção e a apreensão dos estoques de leite. "Dependendo das novas análises, a decisão pode ser mais abrangente", disse o promotor Cristiano Cassiolato referindo-se a uma eventual medida que leve à retirada de produtos das prateleiras.

Prisões

A PF informou que havia cumprido todos os 27 mandados de prisão temporária e realizou buscas e apreensões em diversos endereços nas cidades do Triângulo Mineiro e no Sul do estado.

Entre os presos estão dirigentes da Coopervale e da Casmil – apontados como possíveis chefes do esquema – e funcionários das cooperativas. Em Passos, a PF vasculhou a fábrica, o escritório e a residência do presidente da Casmil, Dácio Francisco Delfraro, que foi preso. Um químico responsável pela fórmula da substância também foi preso. Os nomes dos outros presos não foram divulgados.

Os agentes federais prenderam também dois funcionários do Serviço de Inspeção Federal responsáveis pela fiscalização das cooperativas em Passos e Uberaba. "Obrigatoriamente ele (o fiscal) está dentro da empresa, acompanhando essa produção. Esse fiscal não tem como alegar que não sabia que o leite estava sendo adulterado", disse o delegado Willian Nascimento.

A estimativa do chefe da PF em Passos, Davidson Chagas, é de que os crimes eram praticados havia dois anos. Os esquemas de adulteração do leite começaram a ser investigados há quatro meses, a partir de denúncias de outras cooperativas e de ex-funcionários das empresas. No dia 16 de agosto, o MPF interceptou duas carretas em Passos com leite cru da Casmil.

O boletim de análise de leite do Serviço de Inspeção Federal que acompanhava a carga atestava ausência de conservantes, mas a análise dos produtos feita pelo Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro) confirmou a fraude e a presença, em todas as amostras, de água oxigenada. Segundo a avaliação técnica, o procedimento criminoso teria por objetivo a "recuperação" do leite estragado ou impróprio para o consumo que chegava dos produtores rurais.

A reportagem não conseguiu contato com representantes da Coopervale e da Casmil.

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