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Coronel Félix,  comandante do Policiamento de Choque de São Paulo: estampido ouvido por policiais pode não ter sido tiro | Felipe Araújo/AE
Coronel Félix, comandante do Policiamento de Choque de São Paulo: estampido ouvido por policiais pode não ter sido tiro| Foto: Felipe Araújo/AE

São Paulo - Após prestar depoimento por mais de três horas no 6º Distrito Policial (DP) de Santo André, o comandante do Policiamento de Choque de São Paulo, coronel Eduardo José Félix, admitiu ontem pela primeira vez que os policiais do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) podem ter interpretado um barulho qualquer como o de um tiro, antes de invadir o apartamento onde estava o seqüestrador Lindemberg Alves, de 22 anos, e duas reféns de 15 – uma delas, a ex-namorada, Eloá Pimentel, que acabou assassinada. A outra refém, Nayara Rodrigues da Silva, negou na quarta-feira que tenha havido um disparo anterior à invasão.

Félix disse que sua equipe pode ter se confundido, por exemplo, com um rojão. Na sexta-feira, o seqüestro de 100 horas que mobilizou as forças de segurança do estado de São Paulo acabou quando o Gate decidiu explodir a porta. Uma barricada dificultou a entrada e o seqüestrador atirou três vezes contra as reféns. Eloá levou um tiro na cabeça e outro na virilha – morreu no dia seguinte. Nayara levou um tiro na boca.

Logo após o depoimento da sobrevivente, na quarta-feira, o comandante foi a público reafirmar que houve o tiro antes da invasão e a adolescente poderia estar "confusa" e abalada emocionalmente quando dizia o contrário. Ontem, mudou o tom. "Assim como a Nayara, meu pessoal também pode (ter se confundido). Tenho de acreditar na minha equipe. Pode ter havido outro barulho? Pode. Não vou dizer que não", disse Félix.

Para o coronel, só a perícia poderá dizer o que houve dentro do apartamento. "Se o tiro foi dentro ou fora ou se foi um barulho de rojão, o laudo técnico é que vai dizer", ressaltou. Questionado se havia problemas para a corporação em admitir a invasão sem a existência do tiro inicial, ele negou. "Agimos dentro da lei." Mas ressaltou que seus homens relataram "um estampido" antes da ação. "Precisamos parar de ‘achismo’. O que temos até agora são cinco policiais idôneos e três testemunhas que dizem ter escutado o tiro."

Félix ressaltou que o retorno de Nayara ao conjunto "dependeu dela" e não existiria autorização para ir ao cativeiro. "Se ela tivesse parado onde o irmão da Eloá (Douglas) parou (no andar inferior), nada teria acontecido. A equipe que estava na lateral (do prédio) não pôde intervir, pois Lindemberg estava com a arma bem encostada na cabeça da Eloá."

Indiciamento

O titular do 6º DP, delegado Sergio Luttzia, informou que vai relatar o inquérito do caso hoje, com o indiciamento de Alves, sem a reconstituição do crime, que ocorrerá posteriormente. Já o promotor Antonio Nobre Folgado voltou a dizer que vai denunciar o seqüestrador por homicídio duplamente qualificado (com motivo torpe e impossibilidade de reação) no caso de Eloá; duas tentativas de homicídio, de Nayara e do PM Atos Valeriano; quatro cárceres privados qualificados (com sofrimento psicológico das vítimas); e pela Lei 10.826 (por disparos de arma de fogo). "As penas podem superar 40 anos. Isso independe de o tiro ter sido dado antes ou depois da invasão."

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