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A produção nacional de derivados de soja recuou 10,7% no primeiro semestre deste ano, em comparação com os primeiros seis meses do ano passado. A queda foi a mais brusca registrada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em pesquisa sobre a agroindústria. O mau desempenho da indústria de processamento de soja teve forte impacto nos números gerais da produção agroindustrial brasileira, que registrou crescimento de apenas 1,1%, tão tímido que beira a estagnação – o resultado é inferior à média da indústria nacional (2,6%) no período.

Fatores como a seca, a desvalorização do dólar e a queda no preço internacional da soja levaram a uma crise entre os produtores e o reflexo mais direto da frustração da safra foi a queda na produção dos derivados. Mesmo que o setor agrícola se recupere nos próximos meses, as projeções para a indústria de derivados não são as mais otimistas. "Nosso futuro está cada vez mais sombrio. Se compararmos com outros países, estamos andando para trás", afirma Fábio Trigueirinho, secretário da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

Números da associação mostram que, embora as estimativas sejam de maior produção do grão este ano (56,1 milhões de toneladas, frente a 53 milhões no ano passado), o volume processado tende a cair (28,2 milhões de toneladas este ano, contra 29,7 milhões em 2005). "Por questões tributárias, não estamos conseguindo segurar a matéria-prima no Brasil para agregar valor antes de exportá-la", explica o secretário. Isso ocorre porque uma cooperativa paranaense, por exemplo, que compre os grãos do Mato Grosso para transformá-los em óleo e farelo (produtos de maior valor agregado), precisa pagar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre a compra. Para a venda direta do grão ao mercado externo, este tributo não existe. "A Argentina taxa menos a indústria, e por isso lá eles estão abrindo fábricas enormes de processamento, enquanto aqui a gente só vê as fábricas fecharem há dez anos", compara Trigueirinho.

O Brasil também produziu menos derivados de milho nos seis primeiros meses do ano (-4,7%). Esta queda é explicada principalmente pelo desempenho negativo observado na pecuária. Outras culturas, como arroz, trigo, fumo e cana-de-açúcar, bastante dependentes do consumo no mercado interno, foram beneficiadas pelo aumento na renda da população este ano, e tiveram resultados positivos – o que fez a produção total de derivados da agricultura ter crescimento de 3,3% no período.

Já a produção de insumos para a agricultura apresentou queda de 7%. Isso porque os produtores compraram menos adubos e fertilizantes (queda de 1,1% na produção) e máquinas e equipamentos (queda de 18,7%).

Paraná

No Paraná, as cooperativas agrícolas repetem o desempenho nacional. "[A produção] não caiu, mas também não aumentou", resume Flávio Turra, gerente técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar). Ele também não crê numa recuperação, em curto prazo, do volume de soja processado no estado. "Vamos ter um aumento na produção de soja no Paraná, mas eu não vejo grande aumento de industrialização. Vemos um movimento forte para a exportação do produto em grão."

Outra expectativa do economista coincide com a do gerente comercial de Varejo da Cooperativa Agroindustrial de Maringá (Cocamar), Marco Orozimbo Rosas: com a entrada do óleo de soja no mercado de combustíveis, o setor pode se reerguer. "Isso pode contribuir a favor da valorização do óleo e aumento da demanda", estima Rosas.

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