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Estação de bondes elétricos na Praça Tiradentes, no centro de Curitiba, cerca de 1930 | Acervo da Casa da Memória / Diretoria do Patrimônio Cultural / FCC
Estação de bondes elétricos na Praça Tiradentes, no centro de Curitiba, cerca de 1930| Foto: Acervo da Casa da Memória / Diretoria do Patrimônio Cultural / FCC

A história sobre trilhos

Veja os principais acontecimentos que envolveram os bondes em Curitiba:

1887 – Inauguração do primeiro bonde de tração animal.

1887 – Registro dos primeiros acidentes.

1911 – Chegada, a Paranaguá, do material destinado para a eletrificação dos bondes.

1912 – Assentamento dos trilhos para bondes elétricos, que eram mais modernos.

1913 – Inauguração do primeiro bonde elétrico.

1920 – Aparecem os primeiros auto-ônibus, que passaram a fazer concorrência com os bondes.

1950 – Município começa a extinguir o serviço de bondes.

1952 – Extinção da última linha, que fazia o Portão.

  • Rua XV: guarda de trânsito encarregado do controle de tráfego
  • Acidentes em 1930: principais causas eram trechos sinuosos e pouca experiência
  • Bonde descarrilado em rua de Curitiba, em 1939
  • Bonde tombado durante um protesto na Avenida João Gualberto
  • Acidente entre carro e bonde, na Rua Barão do Rio Branco, em 1936
  • Primeiro acidente com bonde elétrico em Curitiba, no dia 7 de janeiro de 1913

A descida da Rua Dr. Muricy hoje não é empecilho para ninguém, mas na época em que Curitiba ti­­nha bondes, em uma simples ladeira como essa vários imprevistos podiam acontecer. O primeiro registro de acidente envolvendo bondes foi exatamente na esquina da Dr. Muricy (então chamada de Rua da Assembleia) com a Ma­­re­­chal Deodoro (Rua da Im­­peratriz). Foi em 1887: o bonde era puxado por mulas e quando chegou à Mu­­ricy tomou tanta velocidade que, ao chegar à Marechal, não conseguiu fazer a curva. Ele descarrilou e jogou muitos passageiros para fora dos lugares. Ninguém morreu, segundo os jornais da época.

"Do trajeto percorrido pelos bondes, este era o único cruzamento com angulação de 90 graus. Também não havia opções de recuo, pois na esquina já existia uma casa", afirma o jornalista e pesquisador Raul Urban, que está escrevendo um livro sobre a história do trânsito em Curitiba. Além da dificuldade de vencer a curva fechada, faltava experiência aos condutores, segundo Urban. "Tinha muito condutor que fazia barbeiragem", comenta.

As estradas realmente dificultavam a locomoção dos bondes. Na Rua Emiliano Perneta, na altura do atual restaurante Scavolo, havia uma descida que também causou acidentes. "É uma rampinha pequena, mas para o bonde era complicado. A estrada era de paralelepípedos e, quando chovia, o motorista ficava em pânico porque não conseguia garantir a estabilidade do transporte. Muitas mulas escorregavam e iam ao chão, fazendo com que o bonde descarrilasse", diz Urban.

O segundo acidente registrado pelos jornais – a matéria está arquivada na Casa da Memória – também aconteceu em 1887, logo depois da inauguração dos bondes de tração animal em Curitiba. Uma senhora alemã, reconhecida apenas como Paulina, atravessava a rua conduzindo um carrinho de lenhas, quando o bonde de número 4 estava passando e foi de encontro à carrocinha, acertando-a em cheio. Os jornais dizem que o carrinho ficou inutilizado.

O novo meio de transporte chegou a irritar os carroceiros, que não aceitavam a concorrência. Indig­nados, eles prejudicavam o trânsito de bondes colocando pedras e paus nos trilhos, ou permanecendo sobre os trilhos por bastante tempo durante um carregamento. Isso porque os bondes também eram utilizados no transporte de cargas: levavam desde correspondências dos Correios até carne e açúcar.

Elétricos

Já na inauguração do bonde elétrico em Curitiba, em 1913, um outro acidente: o cabo de energia caiu na esquina da atual Rua Barão do Rio Branco com a Praça Tira­­dentes, fazendo com que o bonde parasse de andar. "Os bondes elétricos geraram diversos curtos em Curitiba, porque acon­­tecia o sobrepeso do próprio sistema e a consequente queda", afirma Ur­­ban. "Nas proximidades da Praça Eufrásio Correia o bonde normalmente saía lotado, porque os passageiros que chegavam de trem aproveitavam para pegá-lo. A sobrecarga ali era muito maior."

Os primeiros bondes elétricos eram arcaicos, com rodas muito grandes para evitar que ele esbarrasse no capim que se formava entre os trilhos. Por isso, o sacolejo era outro problema que incomodava os passageiros. Curitiba só teve bondes elétricos mais modernos na década de 30 do século passado. Os de tração animal eram abertos, mas os elétricos eram fechados.

Segundo o colunista Cid Deste­fani, que publica a seção Nostalgia na Gazeta do Povo, sabe-se que alguns bondes atropelaram pedestres em Curitiba. "Lembro de ter ouvido sobre um caso que aconteceu no Batel", afirma Destefani. Ele lembra que era comum al­­guém se machucar por ficar pendurado no veículo. No seu acervo de fotos, há registros de imagens de carros que batiam em bondes, bem como de manifestantes que tombavam os bondes para protestar.

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