
Foz do Iguaçu - O advogado Gustavo Badaró, que defende o estudante Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, assassino confesso do cartunista Glauco Villas Boas e do filho dele, Raoni, disse ontem que provas essenciais para o esclarecimento do crime desapareceram. Badaró esteve ontem em Foz do Iguaçu, no Oeste do estado, para acompanhar mais um depoimento do estudante. No terceiro interrogatório, Nunes foi questionado sobre a troca de tiros com policiais durante sua tentativa de fuga para o Paraguai.
"Meu cliente garante que esteve o tempo todo com o celular, desde o dia do crime, no período em que ficou escondido e durante toda a viagem de São Paulo até a prisão na Ponte da Amizade", disse o advogado. Além do celular, um dos pentes de munição da arma apreendida com Nunes e cerca de R$ 2 mil também sumiram. "O celular e a munição são provas essenciais para esclarecer alguns detalhes importantes. Alguém pegou."
O delegado da Polícia Federal Marcos Paulo Pimentel, responsável pelo inquérito que apura os crimes de Nunes no Paraná, disse que já está apurando que fim teriam levado as provas. "Desde que foi impedido de ingressar no território vizinho até a prisão e a chegada à delegacia, ele teve contato com integrantes de várias corporações. Há a possibilidade também de que ele tenha se livrado desses objetos por conta própria em algum momento."
190
Sem barba e com a cabeça raspada, Nunes depôs durante duas horas ontem. Ele disse que ligou duas vezes para o 190 da Polícia Militar após o crime; contou que queria se entregar e que na primeira ligação o atendente pensou que fosse trote. Na segunda chamada foi orientado a ir a um distrito policial. Em nota, a PM confirmou ter recebido as duas ligações feitas do celular de Nunes, à 0h30 do último dia 12, quando o cartunista e o filho foram mortos. A PM informou que nas duas ligações o assassino narrava coisas desconexas e sem sentido e não forneceu sua localização. Então ele foi orientado a procurar um distrito policial.
Nunes disse também que pretendia ficar no Paraguai até o caso perder força e então "voltar ao Brasil para levar o irmão mais novo a outro padrinho reconhecido pela Cefluris [Centro Eclético de Fluente Luz Universal Raimundo Irineu Serra], para que fosse feita a revelação que o Glauco acabou não fazendo." O suspeito queria obter a confirmação de que seu irmão seria a reencarnação de Jesus Cristo.
Ontem, a Justiça de Osasco autorizou ontem a quebra do sigilo telefônico de Nunes. A Vara do Júri de Osasco também quebrou o sigilo telefônico de Glauco, de Raoni e do estudante Felipe Iasi, que levou Nunes de carro até a casa do cartunista. A polícia quer saber com quem Nunes falou antes e depois do crime e esclarecer se Iasi ajudou o assassino a fugir. Iasi disse que deixou o local do crime sozinho, antes das mortes. Ele será ouvido novamente na semana que vem.



