
Ivaiporã - Com a cadeia pública superlotada, alojando 98 detentos num espaço destinado a 32, o delegado da 54ª Delegacia Regional, em Ivaiporã, Centro-Norte do estado, Osnildo Carneiro Lemes, de 61 anos, firmou um acordo com os presos: por causa da superlotação, eles têm autorização para dormir nos corredores e até no solário, desde que não haja fugas. Se isso ocorrer, todos voltam para as celas, onde o espaço é para 6, mas ficam até 14 detentos.
Depois do acordo, firmado em janeiro, a maioria dos presos tem atuado para evitar fugas. Na semana passada, os presos "apreenderam" dentro da cadeia uma broca, que seria utilizada para perfurar uma laje. A broca foi entregue ao delegado, frustrando a tentativa de fuga de um encarcerado. Lemes alega que, para controlar os presos na base da hierarquia e da disciplina, precisaria de pelo menos 15 policiais. Questionado sobre o acordo, Lemes diz que "alguns presos têm mais palavra do que certos políticos".
A superlotação da cadeia que atende, além de Ivaiporã, com 32 mil habitantes, outros quatro municípios vizinhos (Jardim Alegre, Lidianópolis, Arapuã e Ariranha), totalizando uma população de 80 mil pessoas também tem a ver com a onda de violência que assusta a cidade. Na semana passada, um protesto contra a falta de policiamento nas ruas mobilizou cerca de 2 mil pessoas, que se concentraram na Praça Manoel Teodoro da Rocha.
O presidente local da OAB, Fernando José Santilio, anuncia para os próximos dias uma reunião em Curitiba, quando um grupo de líderes de Ivaiporã se reunirá com o secretário da Segurança, Luiz Fernando Delazari, para reivindicar uma nova cadeia pública, maior efetivo da PM e novas unidades da Polícia Civil. "Estamos despreparados, com efetivo policial reduzido", reclama o prefeito Cyro Fernandes (PT).
O delegado da Divisão de Policiamento do Interior, Luiz Alberto Cartaxo de Moura, reconhece que há defasagem do efetivo na região. Segundo ele, em caráter de emergência a Secretaria da Segurança remanejará investigadores no Vale do Ivaí, por algum tempo, até a formação de uma nova turma de investigadores na Escola da Polícia Civil.
O tenente-coronel Ronaldo Antônio Maciel de Oliveira, comandante do 10º Batalhão da PM, com sede em Apucarana, diz que a região detém um dos menores índices de violência no estado, mas admite necessidade de reforço. "Incrementaremos as operações da Rotam na cidade", promete.



