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Ligação tarifada evita trotes em outros estados

Bahia, Rio de Janeiro, Ceará, Dis­­trito Federal, Piauí, Pernambuco, Paraíba, Maranhão e Pará são al­­guns dos estados que optaram em usar o sistema de disque-denúncia tarifado. Os restantes, como Mato Grosso, Tocantins, Sergipe e Ala­­goas, por exemplo, utilizam o 0800 ou sistema on-line, onde o denunciante deixa sua mensagem sobre o caso e recebe uma senha para novos acessos. Segundo responsáveis pelas centrais, a escolha pela ligação paga ou o sistema on-line ocorreu para evitar trotes.

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CURITIBA E CASCAVEL - A garantia do anonimato e a confiança da população no serviço de Narcodenúncia pelo 181 fizeram o programa pular de 10 mil ligações por ano em 2003 para 33 mil chamadas no ano passado. Em 70% dos atendimentos, a polícia confirmou a ação criminosa. Cascavel, no Oeste do estado, tem os melhores resultados. Na região da tríplice fronteira, é a cidade que mais recebe chamadas no interior e efetua apreensões de adolescentes em todo o estado. Em sete anos de atuação, o disque-denúncia de Cascavel foi responsável por 18% do total de adolescentes apreendidos no Paraná. Entre 2003 e 2009, foram 12.462 atendimentos. No mesmo período, foram apreendidos 1.211 adolescentes, entre meninos e meninas, contra 525 em Curitiba.

O serviço que pretende combater o tráfico de drogas e a violência contra a criança tem abrangência em todo o Paraná, por meio de seis centrais. Além da capital, existem regionais em Ponta Grossa, Londrina, Maringá, Cascavel e Pato Bran­co, que processam todas as denúncias realizadas pelo telefone. Todas as ligações recebidas pelas centrais são averiguadas. O serviço funciona 24 horas, todos os dias.

O sistema ainda precisa de ajustes para melhorar os resultados, de acordo com o coordenador estadual do programa, tenente Edivan Fragoso. O site do 181 está sendo atualizado. Uma das alterações previstas é a mudança na forma de compilar os dados. A proposta é que a consolidação seja feita ano a ano e não por números fechados do período de atuação. Além do número de chamadas, os balanços anuais também vão incluir as quantidades e os tipos de drogas apreendidas, prisões de traficantes e apreensões de adolescentes envolvidos com o tráfico. O acompanhamento das investigações das denúncias, um dos pontos falhos no sistema atualmente, também deve ser modificado, de acordo com Fragoso.

Interior

Não é por acaso que Cascavel é recordista nas apreensões de drogas e prisões de traficantes realizadas a partir de denúncias feitas ao 181, o telefone do Narco­­denúncia. O programa, que começou no Paraná e foi levado para todos os outros estados brasileiros, foi criado em Cascavel em meados de 2002. Na época, o 6.º Batalhão de Polícia Militar (BPM) desenvolveu o programa em parceria com a prefeitura e o telefone de atendimento era o 161.

Em 2003, o programa foi apresentado ao então secretário de Estado da Justiça e Cida­­dania, Aldo Parzianello, que gostou da ideia e o implantou em todo o estado. Por questões técnicas, o número foi alterado para 181 e passou a atender a todos os municípios paranaenses. "Duas horas depois do lançamento do programa, nós fizemos a primeira apreensão", conta o tenente Divonzir de Oliveira Santos, coordenador regional do Narcodenúncia, em Cascavel.

Não é apenas o pioneirismo da cidade que é responsável pelas apreensões recordes. O tenente-coronel Celso Luiz Borges, comandante do 6.º BPM, diz que o sucesso é o sigilo da denúncia, já que o telefone 181 não possui identificador de chamadas. "Para nós não interessa quem faz a denúncia, mas o conteúdo dela", diz o oficial. Apesar de muitas não se confirmarem, a polícia procura investigar 100% das informações que recebe.

No ano passado, o batalhão de Cascavel se destacou entre os demais por apreender 740 armas de fogo. Em janeiro deste ano, foram retiradas de circulação 75 armas. "O foco principal é o narcotráfico, mas o programa tem se mostrado eficiente também em outros crimes", diz o coronel Borges. Na capital, o 181 já recebeu ligações quanto ao caso Rachel – a menina encontrada morta dentro de uma mala, na rodoviária de Curitiba, e até hoje sem solução –; o caso do Morro do Boi, em que um casal foi atacado e o rapaz acabou assassinado; e a briga depois do jogo no estádio do Coritiba, no ano passado.

Perfil nacional

Assim como o Paraná, outros sete estados também utilizam o sistema 181. Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Goiás, São Paulo, Santa Catarina e Minas Gerais mantêm o serviço com alto índice de confiabilidade e procedência de informações que ajudam na elucidação de crimes.

No Espírito Santo, o 181 está disponível desde 2001. Para a delegada e sub-secretária do Serviço de Inteligência do Estado, Fabiana Maioral, o serviço de inteligência – que está agregado ao programa – é fundamental. São recebidas de 1,5 mil a 1,6 mil denúncias por mês, 70% delas relacionadas ao tráfico de drogas e relativos à região metropolitana.

De posse das informações recebidas é possível identificar o local das ocorrências, os envolvidos nos crimes, planejar ações de enfrentamento policial e oferecer ações sociais. A utilização do sistema já ajudou a reduzir pela metade o índice de criminalidade. "Não temos de inventar a roda. Só fazê-la rodar", diz Fabiana, lembrando que o policial tem de manter o foco na necessidade da região que está atuando.

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Interatividade

Além da denúncia no 181, como a sociedade pode ajudar a combater o tráfico?

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