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Crianças do programa Catavento, de erradicação do trabalho infantil, em Colombo, participam de ações no contraturno | Giuliano Gomes/Gazeta do Povo
Crianças do programa Catavento, de erradicação do trabalho infantil, em Colombo, participam de ações no contraturno| Foto: Giuliano Gomes/Gazeta do Povo

Ponto por ponto

Projeto governamental beneficia principalmente crianças da zona rural. Confira.

O que é o Peti? - Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti). Projeto que faz a transferência de renda para famílias de crianças e adolescentes envolvidos no trabalho precoce e garante atividades extracurriculares para essas crianças e jovens.

Objetivo - Erradicar o trabalho infantil no país e garantir a permanência das crianças na escola.

Como funciona - O Peti repassa uma bolsa no valor de R$ 50, mais R$ 15 por beneficiário para famílias com renda per capita de até R$ 120 mensais. O programa exige a contrapartida de 85% de freqüência na escola e nas Ações Socioeducativas e de Convivência, a jornada ampliada, que, até maio deste ano, recebeu investimentos de R$ 17,4 milhões. Cada prefeitura recebe R$ 20 por aluno cadastrado para aplicar nas atividades que ocorrem no contraturno escolar.

Quantas são - Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, 930.824 jovens e crianças são atendidos pelo programa. No Paraná são 38.681.

O tamanho do problema - Segundo o IBGE, em todo Brasil há 5,1 milhões de crianças trabalhando. No Paraná são cerca de 2,4 milhões de crianças de 5 a 17 anos, das quais 318 mil trabalham, ou seja, 13% – número acima da média nacional, que é 11,5%. Desse universo, 260 mil estão nos colégios e outros 58 mil não. A maioria dessas crianças está na área rural.

Os repasses mensais de recursos socioeducativos do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) feitos pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) aos municípios paranaenses caíram na comparação entre 2008 e 2007. A média mensal de repasse no ano passado era de R$ 816.200,93. Este ano, a média de repasse por mês caiu para R$ 795.973,30, embora mais municípios tenham aderido ao programa.

Segundo Ironi Camargo, coordenadora de apoio à gestão municipal da Secretaria de Trabalho, Emprego e Promoção Social (SETP-PR), atualmente 205 cidades do estado estão inscritas no Peti. Até o final do ano passado, eram 197 as prefeituras participantes do projeto.

Caso a média de repasses do primeiro semestre se mantenha ao longo do ano, o Paraná vai fechar 2008 recebendo R$ 240 mil a menos para combater o trabalho infantil em relação ao ano passado, quando um total de R$ 9.794.410 foi repassado para o estado.

Para o ministério, a queda no repasse não significa que esteja ocorrendo contenção de verba por parte do governo federal. "Na verdade, temos tido sobra de recursos", diz a diretora do Departamento de Proteção Social Especial do MDS, Valéria Gonelli. Segundo ela, a média de repasses diminuiu porque caiu o número de crianças e jovens inscritos no programa. Isso ocorre porque ao completar 18 anos os jovens automaticamente deixam o programa. Como o ritmo de entradas de jovens no Peti tem sido menor que o de saídas pela questão da idade, diminui o valor dos repasses mensais aos municípios.

"De maneira geral, as prefeituras paranaenses não têm dado a devida atenção à questão da infância. Nossa legislação coloca a criança e o adolescente como prioridade absoluta, mas não é isso que percebemos na realidade", afirma a presidente da Comissão da Criança e do Adolescente da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Paraná (OAB-PR), Márcia Caldas Machado.

Segundo ela, embora existam falhas das três esferas do Poder Executivo (municipal, estadual e federal) no combate ao trabalho infantil, são as prefeituras as responsáveis por identificar o problema, primeiro passo na busca pela erradicação do trabalho infantil. "Ela está mais próxima da família."

Na visão do MDS, gestor do programa, a dificuldade encontrada pelos gestores municipais em chegar até as famílias em que existem situações de trabalho infantil se dá por uma série de fatores burocráticos, econômicos e principalmente culturais. Segundo Valéria, além da falta de pessoal e de recursos técnicos por parte das prefeituras, o grande problema a ser enfrentado é o da identificação da sociedade com o trabalho infantil. "Ainda existe um grande consentimento com o trabalho infantil, principalmente no meio rural", explica. Em uma visão ainda bastante difundida, ajudar a família em algum tipo de atividade agrícola não acarretaria nenhum tipo de problema para a criança e para o jovem.

Não por acaso, segundo a promotora do Trabalho e integrante do Fórum Estadual de Erradicação do Trabalho Infantil, Margaret Matos de Carvalho, a maioria das cerca de 318 mil crianças e jovens que trabalham no estado – segundo dados da Pnad 2006 – estão no interior. "Principalmente nas lavouras de fumo, o que acarreta sérios prejuízos para a saúde." Estudos do Ministério do Trabalho, em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), mostram que crianças que trabalham no cultivo de fumo absorvem nicotina equivalente ao consumo de 50 cigarros por dia.

Margaret alerta para o fato de que a Promotoria ainda recebe denúncias de casos de trabalho infantil em carvoarias, lixões e na coleta de papel em áreas urbanas.

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