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Deslocamento forçado atinge recorde global e afeta 65,3 milhões no mundo

No Brasil, o número de refugiados é perto de nove mil pessoas – sendo que cerca de 2,4 mil encontram-se no Paraná

 | Foto: Forças de Segurança da Macedônia/Fotos Públicas.
(Foto: Foto: Forças de Segurança da Macedônia/Fotos Públicas.)

O ano de 2015 estabeleceu um recorde de 65,3 milhões de refugiados e deslocados obrigados a deixar suas casas ou seus países de origem em consequência das guerras ou como vítimas de perseguições. O dado é do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). Essa é a primeira vez em que os números de deslocamento forçado ultrapassaram o marco de 60 milhões de pessoas.

Os dados apresentados nesta segunda-feira (20), Dia Mundial do Refugiado, representam um aumento de quase 10% se comparado com o total de 59,5 milhões de pessoas deslocadas registradas em 2014. No Brasil, o número de refugiados é perto de nove mil pessoas – sendo que cerca de 2,4 mil encontram-se no Paraná, segundo o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare).

O total desses 65,3 milhões incluem 3,2 milhões de pessoas em países industrializados que, ao fim de 2015, aguardavam uma resposta sobre seu pedido de refúgio (é o maior número já registrado pelo Acnur), além de 21,3 milhões de refugiados ao redor do mundo, isto é, que fugiram para outros países. O número estimado pela agência da ONU inclui também outros 40,8 milhões de pessoas forçadas a fugir de suas casas, mas que continuam dentro das fronteiras de seus próprios países.

Os dados indicam que uma a cada 113 pessoas é hoje solicitante de refúgio, deslocado interno ou refugiado. No total, de acordo com o Acnur, existem mais pessoas forçadas a se deslocar por guerras e conflitos do que a população do Reino Unido, da França ou da Itália.

Na maioria das regiões do mundo, o deslocamento forçado tem aumentado desde meados da década de 90. Há cerca de dez anos, no final de 2005, a Agência da ONU registrou uma média de seis pessoas deslocadas a cada minuto. Hoje, esse número é de 24 por minuto.

Segundo o Acnur, três razões explicam essa realidade: situações que causam grandes fluxos de refugiados estão durando mais tempo – por exemplo, conflitos na Somália ou no Afeganistão estão agora em sua terceira e quarta décadas, respectivamente; novas ou antigas situações dramáticas estão ocorrendo com maior frequência; e a velocidade na qual soluções para os refugiados e deslocados internos são encontradas tem caído desde o final da Guerra Fria.

“Mais pessoas estão sendo deslocadas por guerras e perseguições, e isso já é preocupante. Mas os fatores de risco para os refugiados estão se multiplicando também”, disse em nota oficial o alto comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi.

Curitiba debate políticas públicas

Um evento foi realizado na manhã desta segunda-feira na sede da Prefeitura de Curitiba para discutir os dados do relatório da ONU e também debater como a mídia aborda o assunto e políticas públicas para os refugiados. A atividade foi realizada em parceria com o Instituto de Reintegração dos Refugiados (Adus). Segundo Martha Toledo, uma das coordenadoras do instituto, o objetivo é proporcionar debates públicos para que a integração dos refugiados se dê de maneira mais natural e mais fácil possível.

“É uma via de mão dupla, eles têm que entender a cultura do Brasil e nós temos que entender e respeitar a cultura dessas pessoas”, afirma.

Vale ressaltar que os haitianos não são considerados refugiados, e sim portadores de visto humanitário. “Já refugiados são aqueles que tiveram alguma perseguição ou conflitos nos seus países e tiveram que atravessar fronteiras”, afirma Michele Bravos, também do Adus.

Um desses refugiados que atravessou fronteiras – e está em Curitiba – é o sírio Amar Hudaijah, de 26 anos. Ele, que chegou a morar por um ano refugiado no Líbano, conseguiu visto no Brasil e reside há um ano em Curitiba. Formado em Jornalismo e Direito e falando cinco idiomas, Amar pretende ingressar em um mestrado em Direito Internacional. “Vim para cá com dois irmãos, meus pais ficaram lá na Síria. Vi muita tristeza e cenas de guerra”, conta ele que perdeu amigos e familiares decorrente dos conflitos bélicos.

Levantamento

Segundo Secretaria de Direitos Humanos de Curitiba, Igo Martini, está sendo realizado um levantamento para determinar quais são os números de refugiados na capital. “Há muito racismo, xenofobia e dificuldades de inserção no mercado do trabalho. Procuramos trabalhar para dar apoio a eles e que se sintam pertencentes à cidade”, diz.

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