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Carro sendo guinchado na Desembargador Motta: maioria dos motoristas entende, mas neste caso, Guada Municipal precisou intervir | Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo
Carro sendo guinchado na Desembargador Motta: maioria dos motoristas entende, mas neste caso, Guada Municipal precisou intervir| Foto: Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo

Valor arrecadado vai para a empresa

Considerando que os proprietários dos carros e caçambas retirados do pátio até quinta-feira passada tenham pago apenas uma diária, a nova medida adotada pela Diretran já levou R$ 29.253,91 ao cofre da Re­­movCar – cerca de R$ 1,1 mil por dia. "Como está previsto no edital, todo o valor vai para a em­­presa. O poder público tem re­­torno com relação ao pagamento de licenciamentos, IPVA ou multas atrasados", explica Adão José Lara Vieira, gestor da Área de Fiscalização de Trânsito da Diretran.

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Medida deve melhorar o fluxo

A remoção de veículos estacionados em local proibido com o auxílio de guincho é uma medida adotada pela Diretoria de Trânsito de Curitiba (Diretran) e que não é considerada arbitrária nem absurda por dois especialistas consultados pela Gazeta do Povo. Para eles, trata-se de uma necessidade que deve contribuir para melhorar o fluxo e aumentar a educação no trânsito.

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Em um primeiro momento, a im­­pressão é de que o carro foi furtado; lo­­go depois, a confirmação de que o veículo foi guinchado pela Di­­retoria de Trânsito de Curitiba (Di­­retran). É desta forma que quem estaciona o carro em local proibido tem recebido a notícia na capital. Ou, quando o motorista chega du­­rante o reboque, a compreensão do infrator pode prevalecer sobre a indignação; do contrário, o circo está ar­­mado. Nos primeiros 25 dias em que a medida passou a ser tomada, 320 automóveis e 13 caçambas foram retirados das ruas – 13 ocor­­rências diariamente. "As restrições vão ser cada vez mais severas. Com certeza o trânsito vai melhorar como um todo. É um mal necessário, mas a população precisa saber por que está sendo feito", considera o especialista em trânsito Celso Alves Mariano, consultor do Portal do Trânsito.

Nas primeiras semanas, o trabalho da Diretran esteve focado na região central de Curitiba. "Du­­ran­­te a manhã e a tarde, o trabalho es­­tá bem dividido no anel central, centrado nas principais vias desta re­­gião", explica Adão José Lara Viei­­­­ra, gestor da Área de Fiscali­zação de Trânsito da Diretran. A par­­tir das 17 horas, a fiscalização se intensifica em trechos das ruas Brigadeiro Franco, Desembar­ga­­dor Motta, Coronel Dulcídio e Ân­­ge­­lo Sampaio, onde não se pode estacionar entre as 17 e 20 horas. Os quatro guinchos – dois para au­­tomóveis, um para veículos de grande porte e outro para caçambas – podem entrar em ação de duas formas: por meio de denúncias ou quando se deparam com alguma irregularidade enquanto andam pelas ruas.

No fim da tarde de terça-feira pas­­sada, o advogado Antonio Mar­­cos foi surpreendido. Após as 17 horas, o carro dele continuava esta­­cionado na Rua Brigadeiro Franco e foi guinchado. Três minutos depois de o veículo ser removido, ele chegou ao local. Sem perceber o adesivo amarelo da Diretran colado no chão, imediatamente ligava para a polícia. "Não tinha visto [o adesivo]. É um susto! A sensação é de que o carro foi roubado", relatou, ao saber que o carro havia sido levado pela Diretran.

Na mesma quadra da Bri­ga­­deiro, entre as avenidas Iguaçu e Ge­­túlio Vargas, outro carro foi re­­bocado no dia seguinte. A bancária Andrea Rauen estava em uma clínica e perdeu a hora. Às 17h08 viu seu automóvel sendo guinchado. Por estar sem o documento do veículo, não pôde impedir o reboque. "Esqueci na bolsa do bebê. Não esperam nem dez minutos. Acho uma medida extremista", considera. "Normalmente o condutor fica chateado. Para nós é uma situação muito ruim. Não temos condição de aguardar", comenta a agente de trânsito Mara Sueli Carvalho.

O procedimento adotado pelos agentes de trânsito desde 28 de se­­tembro segue algumas etapas nas 24 horas do dia. Antes de guinchar um veículo, o agente verifica se ele não foi roubado. Se tiver algum sinal de roubo, a responsabilidade passa para a Delegacia de Furtos e Rou­­bos de Veículos. Caso contrário, é iniciada a remoção do carro. Os agentes ti­­ram fotos de todos os de­­talhes do carro, inclusive de riscos na pintura ou danos já exis­­tentes. O automóvel é lacrado com adesivos numerados e levado para um pátio no bairro Uberaba. Um aviso é colado no chão comunicando o fato. Se o motorista não vê o comunicado, ao entrar em contato com a polícia para registrar a ocorrência do furto ele é informado de que o veículo foi guinchado.

Entretanto, se o motorista chega antes de o veículo estar sobre a pla­­taforma do guincho, pode im­­pedir que o trabalho seja concluído e ficar com o carro, desde que esteja com toda a documentação em dia e sem multas pendentes.

Circo armado

Uma equipe de 200 agentes de trânsito está sendo treinada para co­­locar o guincho em prática. Além de saber o procedimento, pre­­cisam estar preparados para encarar os proprietários dos veículos. "A maioria entende. Lógico, ficam nervosos, mas normalmente não temos esse problema", co­­men­­ta a agente de trânsito Mara. A opinião é compartilhada por ou­­tros fiscais. No entanto, a Gazeta do Povo acompanhou uma situação não tão simples assim. No fim da tarde de quarta-feira passada, por volta das 18 horas, a Guarda Municipal precisou intervir para que um carro fosse guinchado na Rua Desem­bargador Motta.

O proprietário do veículo, um aposentado de 74 anos que não quis se identificar, não autorizou que seu carro fosse removido pela Di­­retran. Sem seguro obrigatório, IPVA e licenciamento em dia, ele pedia que fosse liberado sob a promessa de pagar os débitos no dia se­­guinte. Contou que havia perdido a hora enquanto foi buscar a li­­beração de um exame para uma fi­­lha. Os agentes tentavam explicar-lhe a lei que estava sendo cumprida. Dis­traídos com o que acontecia, quatro motoristas se envolveram em dois acidentes no local.

A situação piorou quando uma filha do aposentado chegou. Dedo em riste e tom de voz elevado, ela dizia aos guardas e agentes de trânsito que a situação poderia prejudicar a saúde do pai. "Eu não quero criar problema, mas a sensibilidade é importante neste momento. O código, a lei... como se estivéssemos em um país em que se cumpre a lei. Vocês estão levando a lei ao pé da letra num país onde não se faz isso", disse o aposentado. Uma remoção costuma durar 20 minutos; neste caso, o carro foi guinchado depois de quase duas horas.

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