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O líder dissidente do Movimento dos Sem-Terra (MST) José Rainha Júnior mobilizou cerca de 5 mil pessoas para erguer acampamentos na madrugada e manhã deste sábado, na entrada de 61 fazendas do Pontal do Paranapanema e região da Alta Paulista, no oeste do estado de São Paulo. Rainha chamou a ação de "Carnaval vermelho" em defesa da reforma agrária. A mobilização atingiu 36 municípios

Assim que chegaram às propriedades em caminhões, carros e ônibus os sem-terra estenderam faixas nos portões e cercas com os dizeres: "Esta fazenda pertence à reforma agrária". Com madeira e lona distribuídas com caminhões, eles iniciaram a montagem de acampamentos nos limites das áreas. Também fincaram bandeiras do MST

O líder dos sem-terra explicou que nenhuma fazenda foi ocupada, pois uma lei federal impede o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de vistoriar ou desapropriar terras invadidas. "Já que não podemos ocupar, queremos denunciar à sociedade que são terras públicas, griladas, ou fazendas improdutivas que devem ser destinadas para a reforma agrária." Segundo ele, a ação foi conjunta com outros grupos, como o Movimento dos Agricultores Sem-Terra (Mast) , e sindicatos de empregados rurais ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT). As maiores ações ocorreram em Presidente Epitácio e Dracena, cada cidade com cinco fazendas "marcadas" pelo grupo. Entre os alvos estão áreas da Companhia Energética do Estado de São Paulo (Cesp) em hidrelétricas de Castilho, Andradina e Pereira Barreto

Rainha disse que a nova estratégia foi inspirada no presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem chamou de "líder maior". "Ele ensinou o trabalhador a vencer os conflitos com o diálogo e com a teimosia", disse. Dando um tom político à ação, o líder afirmou que seu grupo tem "o compromisso de eleger Dilma presidente" e criticou o governo estadual que, segundo ele, ampara os latifundiários e criminaliza os sem-terra. "Para o governo Serra, lutar pela reforma agrária e pertencer ao movimento social é crime", disse

A pauta de reivindicações do MST inclui a desapropriação das 61 fazendas, o assentamento imediato das famílias acampadas e a revisão dos índices de produtividade no campo, além de uma mudança na lei para que o Incra possa comprar e pagar à vista terras destinadas à reforma agrária - o pagamento hoje é com Títulos da Dívida Agrária (TDA). O plano dos sem-terra é permanecer nesses acampamentos até que as áreas sejam destinadas às famílias

A Polícia Militar monitorou a mobilização e informou não ter havido incidentes. Em algumas áreas, os sem-terra foram orientados e desobstruir o acesso às propriedades. De acordo com a PM, alguns proprietários registraram a ocorrência de "perturbação da posse".

O presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabhan Garcia, disse que os fazendeiros estão sendo orientados a entrar com pedido de interdito proibitório para evitar a invasão das propriedades. Se a medida for dada pela Justiça, os sem-terra serão obrigados a deixar as imediações da fazenda.

Nabhan disse que o líder dos sem-terra "debocha" da lei e das autoridades. "Quantas fazendas ele já invadiu, quantas depredações já praticou? Quantas vezes foi condenado e continua impune, fazendo o que quer?" Segundo ele, Rainha é "respaldado" por autoridades do governo federal. "Infelizmente, o produtor rural, que já não acreditava no governo, está perdendo a fé na Justiça.

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