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São Paulo – Às vésperas do julgamento do processo criminal, marcado para amanhã, a pesquisadora de homicidas Ilana Casoy fala do perfil de Suzane von Richthofen: ela tem uma incapacidade marcante, não vê além do presente", analisa a pesquisadora e também autora de um livro sobre o assassinato do casal Richthofen. "Enquanto planejava matar os pais, Suzane pensava em ficar com Daniel (Cravinhos, o namorado), mas não em ficar sem os pais, como se não fosse algo interligado."

O perfil traçado por Ilana - que acompanhou todo o trabalho da polícia, da perícia e da Justiça no caso – é de uma Suzane que funciona como uma maquininha capaz de processar uma informação de cada vez. Segundo a pesquisadora, primeiro ela se concentrou no crime e não pensou em prisão; na seqüência, foi presa, brigou pela libertação e não se preocupou com julgamento; agora, lê o processo e se prepara para o júri. "Depois do júri? Ela nem deve pensar nisso..."

Não, ela não é burra, diz a autora. "É imatura, um pouco infantil." O principal exemplo é que a jovem nunca esperou ser descoberta. Em 31 de outubro de 2002, dia do assassinato, ela, Daniel e o irmão dele, Christian, bagunçaram a casa para simular um latrocínio, não roubaram carro e deixaram uma arma no quarto – pistas de amadores.

Síndrome da injustiçada

Uma das características da imaturidade é subestimar o outro. No Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), após confessar o crime, Suzane virou-se para sua então advogada e perguntou: "Doutora, eu vou ser presa?" "Qual a dúvida? Que parte ela perdeu?", questiona Ilana. A advogada respondeu que sim.

Outro exemplo é recente. Quando a Justiça determinou que a jovem deixasse a prisão domiciliar e voltasse ao Centro de Ressocialização de Rio Claro, ela chorou muito e disse, segundo os advogados: "Isso é injusto. Eu não fiz nada de errado para voltar à cadeia." A frase, evidentemente, queria dizer que ela não havia violado regras da prisão domiciliar. "Mas veja que colocação infeliz. Ela matou os pais, como disse que não fez nada errado?", questiona.

Essa declaração ilustra também outra incapacidade da jovem: de saber o que "pega mal" socialmente. No dia da morte de Manfred e Marísia, quando um policial "informou" Daniel da morte do casal e pediu que ele contasse o fato a Suzane e a seu irmão Andreas, a jovem nem simulou o choro. Virou-se para o policial e perguntou: "O que fazemos agora?" Fez pergunta semelhante, de ordem prática, no início da reconstituição do crime. Começou a narrativa dizendo: "Meu dia foi normal". O enterro foi o único momento em que Suzane percebeu e agiu como seria esperado.

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