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Caso Renascer

Empresa sem licença trocou telhas da igreja

Obra foi executada sem conhecimento da prefeitura, usando tipo proibido de amianto

Desabamento da sede da Renascer: três irregularidades na troca do telhado. | Nelson Almeida/AFP
Desabamento da sede da Renascer: três irregularidades na troca do telhado. (Foto: Nelson Almeida/AFP)

A Etersul Coberturas e Reformas Ltda. foi contratada por R$ 70 mil em setembro do ano passado para trocar as 1,6 mil telhas da sede internacional da Igreja Renascer em Cristo, cujo teto desabou na noite de domingo e matou uma adolescente e oito mulheres. A empresa, no entanto, não tem licença do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de São Paulo (Crea-SP) para funcionar.

A obra também era irregular. A troca do telhado não foi informada à prefeitura, como exige a legislação municipal. Para completar, foram instaladas telhas de um tipo de amianto tóxico, que está proibido na cidade há cinco anos.

A prefeitura ainda não estudou se a Renascer fica agora passível de multa, diante dos três flagrantes de ilegalidade. O Crea-SP confirmou que a Etersul nunca teve nenhum tipo de registro e repassou a informação ao Ministério Público, responsável pelo procedimento que investiga as responsabilidades pela tragédia.

"Para trocar telha, não precisa ser cadastrado no Crea ou ser engenheiro", rebate o dono da Etersul, Daniel dos Anjos. "Qualquer peão troca telhas."

Os primeiros indícios da investigação mostram que a estrutura desmoronou por falta de manutenção, pequenas infiltrações e excesso de peso causado por ar-condicionado, aparelhos de som e de iluminação colocados indevidamente no teto nos últimos anos.

Feridos

Caiu de 20 para 17 o número de feridos no desabamento que continuavam internados nos hospitais da cidade até a noite de ontem. Cinco deles ainda estavam em estado grave ou, apesar de terem apresentado melhoras, permaneciam em cuidados na unidade de terapia intensiva (UTI) – anteontem eram oito.

Os feridos que permaneciam internados até hoje estavam espalhados por nove hospitais. A unidade com o maior número de pacientes era o Hospital São Paulo, na Vila Clementino (zona sul), com quatro vítimas internadas e duas na UTI.

Estefanie Banove de Sá, de 9 anos, que estava em quadro gravíssimo ontem com traumatismo craniano no Hospital São Paulo, apresentou melhoras e foi desentubada ontem à tarde, segundo o hospital. Um dos casos mais graves é o de Evelise Del Corso, 17, internada na UTI do Hospital do Servidor Público Municipal em coma induzido. De acordo com a Secretaria Munipal da Saúde, Evelise teve trauma na cabeça por causa da queda dos escombros.

Em duas unidades do Hospital São Camilo, Ipiranga e Pompéia, estavam internadas, respectivamente, Marinez Bejar Veneroso Russo, de 49 anos, e Olga Doloso Silva, 47. Marinez sofreu trauma na coluna e deve ter alta na segunda-feira. Não haverá cirurgia e o tratamento será com fisioterapias, segundo o hospital. Olga passou por cirurgia na perna esquerda e estava em quadro estável.

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