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Quase cinco mil pessoas perderam a vida no Paraná em 2014 em decorrência de enfarte agudo do miocárdio. Excetuando os casos de violência e trauma (como acidentes), o problema cardíaco foi a causa da maioria das mortes no estado no ano passado, ficando à frente dos óbitos provocados por doenças pulmonares crônicas e por acidente vascular cerebral (AVC). O número segue a média dos últimos cinco anos, na casa de 4,8 mil pessoas mortas ao ano em decorrência de enfarte. A boa notícia é que, de 2013 para 2014, os registros desse tipo caíram de 5.031 para 4.882, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).

Evitar a morte por enfarte depende de fatores complexos e, por vezes, difusos. São muitas as causas que podem levar a um problema cardíaco agudo, como diabete, pressão alta, sedentarismo, estresse, colesterol elevado, tabagismo e obesidade, entre outros. Além disso, há a predisposição genética, indicando a tendência de o indivíduo desenvolver doenças no coração ao longo da vida. Segundo o Ministério da Saúde, aproximadamente 300 mil pessoas sofrem enfarte do miocárdio, por ano, no Brasil – destas, 84 mil acabam morrendo.

A atividade física é extremamente importante. Não interessa se a pessoa está acima ou não do peso. O sedentarismo por si só é um fator de risco.

André Langowiski, cardiologista

Histórico

O cardiologista da Divisão do Risco Cardiovascular da Sesa, André Langowiski, explica que as pessoas que têm no histórico familiar problemas no coração precisam aumentar o cuidado para evitar que os demais fatores prejudiquem a saúde. “A atividade física é extremamente importante. Não interessa se a pessoa está acima ou não do peso. O sedentarismo por si só é um fator de risco”, alerta.

O diagnóstico precoce de algum problema no coração, antes de a pessoa ter o enfarte, é a melhor forma de prolongar a vida.

João Vítola, cardiologista

Outro ponto crucial de cuidado deve ser a alimentação, que, erroneamente, está baseada cada vez mais em carboidratos. “É uma dieta inadequada, que também é rica em sal, açúcar e gordura. Com pouca verdura e fruta”, constata.

Riscos

Os principais: diabete; estresse; pressão alta; sedentarismo; fumo; colesterol alto; obesidade.

Prevenção

Para o médico João Vítola, um dos diretores da Sociedade Paranaense de Cardiologia, além de evitar os hábitos que possam desencadear doenças cardíacas, as pessoas precisam fazer check-up médico. “O diagnóstico precoce de algum problema no coração, antes de a pessoa ter o enfarte, é a melhor forma de prolongar a vida”, diz.

Segundo ele, muitas vezes os problemas cardíacos podem ser assintomáticos – estima-se, por exemplo, que metade das pessoas que têm diabetes não sabe que está com a doença.

“Se a pessoa tem pressão alta e não tem sintomas, essa hipertensão irá provocar danos aos órgãos, inclusive o coração. As pessoas devem ter consciência da necessidade de fazer essa prevenção médica. Não cabe só ao governo ofertar médicos, as pessoas também devem procurá-los”, orienta o especialista.

Informação

Todas as medidas para a prevenção de um enfarte exigem, de acordo com Vítola, acesso à informação. Ele afirma que ter o conhecimento faz com que as pessoas se cuidem e evitem práticas que possam levar a doenças cardíacas.

“É importante também fazer o check-up em dia. Hoje, as pessoas, de um modo geral, não têm conhecimento claro sobre os fatores de risco”, observa o cardiologista.

Atendimento prioriza atenção a fatores que podem levar à doença

A Secretaria de Estado da Saúde atua com um programa que visa qualificar o atendimento na saúde básica para reduzir o número de mortes provocadas por enfarte. O projeto começou no ano passado nas cidades de Maringá e Toledo. Segundo o cardiologista da Divisão do Risco Cardiovascular da Secretaria de Estado da Saúde, André Langowiski, o objetivo é atender principalmente duas complicações que podem levar ao evento: hipertensão e diabete. “Nós avaliamos os riscos dos pacientes e atendemos de forma estratificada”, afirma.

Os pacientes são avaliados e aqueles que apresentam quadro mais grave são encaminhados a um especialista. “Buscamos a racionalidade do atendimento”, comenta. Além de médicos, as equipes atuam com educadores físicos, nutricionistas e psicólogos. Segundo Langowiski, essa medida altera o encaminhamento de pacientes predispostos a apresentar enfarte na saúde básica. “A ideia é levar esse projeto para outras cidades e para isso é preciso apoio da gestão municipal”, diz. (DA)

Aos 53 anos, Joana enfartou dentro do consultório médico

Cansaço, falta de fôlego e uma pressão constante no peito. De repente, uma espécie de “cerração” embaçou por completo a vista de Joana Mesxko Antônio. Ela caiu desacordada. Choques elétricos no peito, injeção de adrenalina e o socorro imediato evitaram que um enfarte encurtasse sua vida, aos 53 anos. O ano era 2006.

Hoje, aos 61, Joana agradece por ter enfartado durante um exame médico no consultório de seu cardiologista. “Estava fazendo alguns testes na esteira e de repente apaguei. Se fosse para morrer naquela hora não ia sentir nada. O médico disse que tive sorte de estar lá para ser atendida”, relata.

Pontes de safena

Foram 20 dias internada, período em que ela passou por procedimentos cirúrgicos para a colocação de três pontes de safena e uma mamária. Joana lembra que os sintomas começaram a aparecer quando ela estava caminhando em direção ao ponto de ônibus para ir até o consultório médico. “Era uma subida leve e tive de parar quatro vezes para descansar”, conta. Os pais dela também morreram em decorrência de doenças cardíacas.

Cateterismo

Três anos antes do enfarte, um médico propôs a Joana que fizesse um cateterismo – procedimento para detectar problemas no coração. Com medo, ela se recusou a fazer o exame.

“Se tivesse feito, não teria que passar pelo que passei. É muito melhor enfrentar um cateterismo do que ser obrigada a fazer uma ponte de safena”, pondera. (DA)

Desconhecer sintomas aumenta risco de morte em 50%

A chance de um indivíduo morrer caso não perceba que está sofrendo um enfarte do miocárdio é de 50%, segundo o cardiologista João Vítola, baseado em pesquisas médicas publicadas nas últimas décadas. “Mas se a pessoa se der conta de que os sintomas que tem são atípicos e procurar um hospital, a chance de óbito pode ser reduzida a 6%”, ressalta o médico. Ele explica que o primeiro enfarte tende a ocorrer – para quem se enquadra nos fatores de risco – a partir dos 46 anos. “Mas o pico ocorre entre 65 e 70 anos”, ressalva.

Sintomas

De acordo com Vítola, os sintomas podem durar cerca de 24 horas e são bem variáveis. O quadro clássico de enfarte corresponde a uma dor intensa no peito que irradia para o braço esquerdo, associado à falta de ar, palidez, sudorese e náusea. “Mas também podem surgir outras dores, como na nuca ou na escápula. Se a pessoa sente esses tipos de dores quando faz um esforço físico, é melhor ficar em alerta”, orienta o cardiologista.(DA)

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