Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Transporte

Entidades criticam edital do metrô

Para órgãos como Crea-PR, CAU-PR e Dieese, minuta do edital é frágil e deve ser revista. Prefeitura descarta alterações drásticas

Encontro para discutir o novo projeto do metrô curitibano reuniu 400 pessoas no Parque Barigui, no dia 15 de janeiro |

1 de 2

Encontro para discutir o novo projeto do metrô curitibano reuniu 400 pessoas no Parque Barigui, no dia 15 de janeiro

Luiz Capraro, coordenador nacional da Câmara de Engenharia Civil |

2 de 2

Luiz Capraro, coordenador nacional da Câmara de Engenharia Civil

O período de consulta pública à minuta do edital do metrô de Curitiba terminou na semana retrasada com 65 contribuições ao texto, que, segundo a prefeitura, não irão alterar itens como o traçado da linha e sim apenas aperfeiçoar o edital final. No entanto, entidades como o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR), Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná (CAU-PR) e Dieese apontaram diversas falhas no projeto do novo modal.

Segundo esses órgãos, a minuta do edital não diz como será a integração entre ônibus e metrô, não define quem fiscalizará os serviços de engenharia e não exige que a concessionária repasse informações sobre a operação – apesar de prever uma contraprestação de R$ 30 milhões anuais de acordo com o cumprimento de metas operacionais. Outro fato criticado é a ausência da metodologia que definiu a tarifa remuneração em R$ 2,45 (as empresas interessadas na licitação terão de apresentar um valor menor ou igual a esse).

Ao todo, foram destacados sete pontos que poderiam ser alterados ou incluídos no edital. O coordenador Nacional da Câmara de Engenharia Civil, Luiz Capraro, diz ter sentido falta, por exemplo, de um item que obrigue o consórcio a repassar informações técnico-operacionais como tempo de espera, lotação e conforto térmico em estações e trens. "Isso nos preocupa porque a ideia do metrô não é simplesmente receber os usuários dos ônibus, mas com sua qualidade, captar novos usuários desafogando o trânsito", diz.

Demanda

A projeção da demanda foi um dos itens comuns às manifestações dos três órgãos. O total de passageiros esperados no metrô foi calculado com base na utilização atual dos ônibus do eixo Norte-Sul e numa projeção futura: são estimados 248 mil usuários por mês no novo modal em 2018, volume que ultrapassaria os 600 mil a partir de 2049. A minuta, porém, não se baseia em uma pesquisa de origem e destino – levantamento comum às grandes cidades mundiais e que deverá ser licitado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (Ippuc) neste ano.

O Dieese apontou ainda para um possível equívoco na definição das revisões de remuneração. A minuta do edital do metrô prevê revisões a favor da concessionária no caso da demanda real ficar 15% abaixo da projeção contratual. Já a revisão a favor do poder público ocorreria apenas quando a demanda for superior a 40% do estimado.

A indefinição sobre a integração entre o metrô e o ônibus também foi criticada. A minuta prevê essa integração, mas não diz como ela ocorrerá. "A integração será por hora, por dia ou irá variar de acordo com o trajeto? Tem de definir isso agora e não depois", argumenta Capraro.

Especialista elogia modelo de PPP

Para o advogado Rodrigo Sarmenta Barata, especialista em Infraestrutura e Direito Público, o projeto de Parceria Público Privada (PPP) previsto na minuta do edital do metrô curitibano segue o que o governo de São Paulo lançou para linha 6-Laranja do metrô e é um avanço na contratação de obras públicas.

"Nesse formato, o valor da obra não varia tanto como a gente costuma ver em outras obras públicas. Isso porque o poder público pode fazer o aporte de recursos antes da execução da obra, de modo que a concessionária não precise captar empréstimos para tocar o empreendimento", explica Barata.

Segundo o especialista, as construtoras responsáveis pela linha 4-Amarela do metrô de São Paulo, por exemplo, receberam pela obra apenas após a entrega do serviço. Questionado se essa não seria uma forma de garantir a qualidade na prestação do serviço, Barata argumentou que isso já estaria garantido quando a licitação é realizada em conjunto. "A concessionária precisa entregar algo de qualidade porque ela é quem irá operar depois", justificou.

No entanto, o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná (CAU-PR), Jeferson Dantas Navolar, não vê na PPP a melhor forma de garantir a qualidade da obra do metrô. "Nesse formato [PPP] não há a previsão de elaboração dos projetos com antecedência, entregando essas definições ao concessionário. Isso pode ter um peso maior em razão da economicidade, mas ocorre em detrimento do usuário", argumenta.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.