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| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Sindicatos e associações policiais promoveram, na manhã desta quarta-feira (13), uma manifestação em apoio às apurações conduzidas pela Delegacia de Explosivos, Armas e Munições (Deam), que investiga “recall” de 11,2 mil coletes balísticos das forças de segurança do Paraná. A categoria defende que as investigações sejam mantidas com isenção e transparência e, sobretudo, que os responsáveis pelo inquérito permaneçam livres de pressões externas.

Articulado pelo Sindicato dos Investigadores do Paraná (Sipol), o ato reuniu cerca de 50 pessoas em frente à sede da Deam. Também participaram o sindicato e a associação dos delegados do Paraná (Sidepol e Adepol), as associações dos praças da Polícia Militar e dos Bombeiros (Apra-PR e UPCB-PR), e o Sindicato dos Delegados da Polícia Federal.

“É um ato de apoio à investigação de um fato que preocupa toda a categoria policial. É uma investigação que precisa ser publicizada. Os policiais e a sociedade precisam saber da verdade”, disse o presidente do Sipol, Roberto Ramires.

No discurso mais inflamado, o presidente da Adepol, João Ricardo Noronha, questionou o posicionamento do comandante da PM, coronel Maurício Tortato. Em nota direcionada aos policiais, o chefe da PM havia dito que testes balísticos apontaram que “em condições limítrofes” os coletes poderiam ser perfurados e que, por causa disso, definiu-se pelo “recall” do material. Noronha apontou estar havendo “omissões” e “jogo de compadres” no trato da questão.

“Esse fato deveria ter sido publicizado. Não podemos esperar que algum policial tombe morto para agirmos”, disse. “O policial não usa um colete como se participasse de uma peça de teatro. Qualquer confronto pode ser fatal”, acrescentou.

Outros problemas recentes das forças policiais – como a falta de manutenção e de combustível para viaturas, atraso no pagamento de diárias e cortes na alimentação, além do efetivo insuficiente – também foram lembrados. “Quando pensamos que já estávamos no fundo do poço, veio a informação deste fato, que é um atentado contra nossa vida”, apontou o presidente da UPCB-PR, Henry Francis.

Enquanto o caminhão de som permaneceu em frente à Deam, o responsável pelas investigações, delegado Vinícius Borges Martins, permaneceu dentro do prédio. Ele não deu detalhes sobre as apurações. A divulgação dos atos das investigações estão centralizadas no Departamento da Polícia Civil.

As próprias associações esperavam que um número maior de agentes participassem da manifestação, mas as entidades apontam que chefes dos batalhões ou delegacias em que os policiais estão lotados fizeram pressão para que os servidores não participassem do ato. “Nos causou estranheza que investidores tenham sido comunicados e impedidos de virem ao evento”, apontou Ramires.

O caso

No dia 31 de março, uma operação conjunta da Deam e do Exército chegou ao galpão de uma empresa localizada na região metropolitana, onde cerca de 540 coletes balísticos da polícia do Paraná estavam sendo recauchutados. Cada colete ganhava uma manta extra de aramida – material sintético usado neste tipo de equipamento – e tinha a etiqueta substituída, de modo a estender em um ano a data de validade do produto. Parte do material estava vencido e parte, em vias de vencer.

As investigações apontam que os coletes foram fabricados pelo Grupo Inbra. Após suspeitas quanto a eficácia do produto, a empresa teria definido, em acordo com a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), que faria um “recall” em 11,2 mil coletes do lote suspeito. Destes, mais de sete mil já passaram pelo procedimento e foram devolvidos aos policiais, que estão usando os equipamentos nas ruas.

A Deam promoveu um teste balístico em uma amostra dos coletes balísticos apreendidos. O equipamento foi reprovado para uso. Em alguns casos, o material chegou a ser perfurado pelos projéteis.

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