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Turismo

Era uma vez um cartão-postal

Mendicância e abandono fazem com que pontos consagrados no passado sejam desprezados por turistas

Relógio das Flores, com Sociedade Garibaldi ao fundo: imagem do passado | Daniel Castellano/Arquivo/Gazeta do Povo
Relógio das Flores, com Sociedade Garibaldi ao fundo: imagem do passado (Foto: Daniel Castellano/Arquivo/Gazeta do Povo)

Muitos pontos turísticos que movimentavam Curitiba em outros tempos caíram no esquecimento. Era comum, por exemplo, ver moradores e turistas irem em direção ao Alto da XV para ter, da Caixa D’água, uma panorâmica da capital. Hoje, a Torre das Mercês cumpre esta função. "Não acredito que al­­guns locais tenham perdido a importância. Surgiram novas opções. É como um bar: quando abre é moda frequentá-lo. Quando outros aparecem, o antigo perde a clientela", compara o historiador Marcelo Sutil.

A Rua 24 horas é um exemplo de local que saiu de moda. Quem chegava a Curitiba queria ver a tal rua do comércio que não fechava nunca. Foi muito visitada, mas entrou em decadência ao deixar de ser frequentada pelos próprios curitibanos. Há dois anos a rua está fechada e até agora a prefeitura não sabe o que fazer com ela. Outra rua que já foi grande destaque no turismo local é a XV de No­­vembro ou calçadão da Rua das Flores, o primeiro do gênero no Brasil. O Calçadão ainda é visitado, mas no auge da fama tinha um comércio mais variado. Com o aumento no número de shoppings, deixou de ser um atrativo para compras e virou uma das bandeiras dos lojistas da capital, que lutam para reabilitá-la.

Quando Curitiba ainda era uma cidade pequena, o local predileto dos moradores e dos poucos turistas que circulavam por aqui era ir ao Passeio Público. O lugar já passou por altos e baixos e hoje é criticado pelos profissionais de turismo porque tem muitos pedintes e moradores em situação de rua, o que tende a afugentar visitantes. "Falta segurança no Centro e no Passeio Público", lamenta a guia de turismo Ângela Maria Porcote.

O Relógio das Flores, no Centro Histórico, também foi cartão-postal da cidade. Vir aqui era sinônimo de tirar foto junto à obra cujas horas eram formadas por flores naturais. A atração está no esquecimento: há seis anos não funciona com precisão, perdeu as plantas em formato de números e os ponteiros gigantes estão estragados.

E o que dizer da casa onde viveu o ilustrador nacionalmente conhecido Poty Laz­zarotto, no Cajuru? O artista foi descoberto ainda jovem pelo interventor Manoel Ribas, no barracão em que os pais de Poty improvisaram um restaurante que servia massas à moda italiana, apelidado de Vagão do Armistício. Im­­pressionado com os desenhos, Ribas lhe deu uma bolsa de estudos no Rio de Janeiro. O vagão está em pé, é mantido pela família Laz­zarotto, mas nunca foi aberto para visitação.

"Para alguns locais falta a ideia de fazer dali um ponto de turismo. Para outros, não há dinheiro. Seria importante se a iniciativa privada embarcasse mais nos projetos que buscam melhorar turismo de Curitiba", afirma Sutil. Para o historiador, que trabalha na Casa da Memória da Fundação Cultural, a cidade tem um bom potencial, só falta ser ainda mais explorado. Duas sugestões de Sutil: criar um roteiro das arquiteturas da Belle Époque e modernista da cidade e um circuito religioso, para apresentar as cerca de 30 igrejas da capital listadas pelo setor de Turismo. (PM)

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