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São Paulo – Por que um presidente popular e poderoso recorreu ao mensalão? Ao se fazer esta pergunta, o cientista político Carlos Pereira, da Universidade de Michigan e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), descobriu que o mensalão foi o "plus" que o governo Lula criou para atrair uma maioria parlamentar sem entregar fatias ponderáveis da administração, que o presidente preferiu reservar para o saciar as muitas facções internas do PT.

Em um estudo, Pereira apontou para quatro erros cruciais que Lula cometeu. O primeiro – já cometido por Fernando Collor, em 1990 – foi ignorar que uma coalizão deve ceder aos partidos aliados uma parcela de poder proporcional a seu porcentual de cadeiras no parlamento. No governo Lula, o PT ocupou 60% dos ministérios tendo apenas 17,7% da Câmara (em 1990 Collor entregou os mesmos 60% a pessoas sem vinculação partidária); o PMDB, que tinha 24,5% das cadeiras, ganhou 5,7% dos ministérios.

Lula cometeu um segundo erro quando optou por construir uma coalizão com muitos partidos (nove), o que dificultou a coordenação das ações políticas. O terceiro erro foi compor uma coalizão com alto grau de heterogeneidade ideológica, mas o quarto foi o mais grave de todos: o mensalão.

Artifício capaz de agradar aos queixosos e suprir a ausência de poder real dos partidos aliados, o esquema aumentou extraordinariamente o custo de governar, frisa Pereira.

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