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Curitiba tem hoje cerca de 300 mil árvores espalhadas por vias públicas, praças e parques. Dessas, cerca de 10% estão contaminadas com um parasita conhecido popularmente como "erva de passarinho". Aparentemente inofensiva, essa planta se instala nas árvores e passa a se alimentar basicamente de seiva elaborada. Com o passar dos anos, a erva suga toda a energia de sua hospedeira, levando-a à morte. "Se alguma coisa não for feita com urgência, em 20 anos, 80% das árvores de Curitiba irão desaparecer", alerta o professor de propagação e morfogênese de árvores da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Flávio Zanette.

Segundo ele, a disseminação da erva acontece por meio dos pássaros – daí o nome erva de passarinho. Eles comem os frutos da parasita, que são mais doces do que os outros, e depois transmitem a praga a outras árvores. A erva alimenta-se dos minerais sugados por sua hospedeira. "É uma planta preguiçosa, que, em vez de buscar seu próprio alimento, suga a seiva pronta. Isso ocasiona um enfraquecimento progressivo da árvore e sua morte", conta o professor.

Gênero específico da família Loranthaceae, a erva de passarinho possui mais de 1,4 mil espécies, distribuídas por regiões tropicais e subtropicais dos hemisférios Sul e Norte. São quatro os gêneros mais freqüentes nas áreas urbanas, porém, ainda não foram identificados quais os que atingem Curitiba. Sabe-se, no entanto, que é um tipo de parasita que não escolhe hospedeiro. "Só não vi na araucária e no pinus. Nas outras espécies, todas", avisa Zanette.

Proliferação

Segundo o professor, o inverno é a época mais propícia para o crescimento e disseminação da planta. "Como ela também pratica fotossíntese, busca luz. No inverno as folhas das árvores caem, facilitando essa procura e colaborando para disseminação." Outro ponto é a carência de comida para as aves nesta época, quando não há frutos, somente os da parasita.

O desconhecimento da população colabora para agravar o problema, já que as pessoas não percebem a proliferação. "Para o leigo, ela é só mais uma parte da árvore. Ele não consegue distinguir a erva e até acha bonito", conta o professor. Ele lembra que a contaminação acontece também em espécies cultivadas em propriedades particulares. "É importante que cada morador verifique, em seu jardim ou bosque, a presença desse parasita e faça sua poda, única forma de controle da erva."

Para descobrir se a árvore está contaminada, basta olhar com atenção: galhos mais longos, que pendem das copas, várias raízes que se agrupam no tronco e pequenos acúmulos de sementes escuras – que se destacam principalmente no inverno – indicam a presença da erva de passarinho. Para Zanette, nenhuma praga é tão séria quanto essa. "É uma planta contra outra", ressalta.

Em média, uma árvore hospedeira leva de cinco a dez anos para morrer. "O interessante é que quando a ela morre, a parasita morre junto, pois não tem mais alimento." Zanette informa que, o problema se acentuou em Curitiba nos últimos quatro anos, fugindo do controle e necessitando, urgente, de ações práticas. "Já tomamos algumas iniciativas para o manejo adequado na área urbana, mas não tivemos sucesso. Precisamos da atenção da população e principalmente dos órgãos públicos, para descobrirmos novos meios de conter essa praga", diz o especialista, que compara o problema à Aids. "Assim como a aids é um problema de desequilíbrio causado por comportamento social. Essa erva representa um desequilíbrio ambiental, já que, em pouco tempo, muitas árvores deixarão de existir."

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