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Entrevista

Escola simbolista nasceu como contraponto ao parnasianismo

Os poetas simbolistas eram marginais, dândis (algo como os atuais mauricinhos ou metrossexuais), rebeldes e malditos. Quem explica é a professora Cassiana Lacerda, uma das principais pesquisadoras do simbolismo brasileiro. Em entrevista à Gazeta do Povo, ela destaca a importância da escola simbolista no Paraná, onde o movimento ganhou maior repercussão.

O que foi o movimento simbolista?

O simbolismo foi um movimento que nasceu na França e surgiu, de certa forma, marginal, em função do comportamento adotado pelos poetas. A maioria eram dândis, que rompiam com a postura burguesa, com os versos de forma fixa dos parnasianos. São simbolistas os poetas Rimbaud, Baudelaire, o qual era tido como um escritor maldito. O Vaticano o colocou na lista dos livros proibidos. Há uma burguesia vivendo o esplendor do dinheiro e esses poetas não estão nem aí, preferem a boêmia. Eles escandalizaram o seu tempo por esta postura de se colocar de costas para o senso comum e buscar uma linguagem muito mais sofisticada. Buscavam inclusive algo inovador que é a fusão entre todos os sentidos, odor, tato, etc. Hoje sabemos que não há futuro para a poesia se ela não representar essa fusão.

E o simbolismo no Brasil?

Aqui no país estávamos vivendo um período na literatura em que havia uma super valorização dos temas locais. Há uma grande crítica ao simbolismo neste sentido por ser um estrangeirismo. Há inclusive escritores simbolistas que escreviam em francês. Era uma espécie de língua consagrada dessa escola. Por outro lado, eles estavam sempre atentos a outras linguagens. Um simbolista baiano foi o primeiro crítico de cinema das Américas. No Rio de Janeiro e em São Paulo, esse movimento surgiu em pequenos grupos e era fruto de batalha com os parnasianos, que eram os escritores consagrados pela burguesia.

Por que o simbolismo foi tão importante para o Paraná?

Um cronista chamado João do Rio dizia que Curitiba era a única capital do Brasil onde o simbolismo dominava. Por que isso? Por uma série de razões. Primeiro porque o simbolismo é o primeiro movimento que nasce com uma ideia de fazer uma literatura local. Segundo porque os grandes líderes do movimento no eixo Rio-São Paulo eram Emiliano Perneta, Emílio de Menezes, e eles trouxeram para cá os livros proibidos, As Flores do Mal, de Baudelaire. Para cá também veio João Itiberê da Cunha, que estudava na Bélgica e pertenceu a um movimento que deu início ao simbolismo naquele país. Ele trouxe muita novidade para cá. Além disso, pela relação entre Dario Veloso e Emiliano Perneta com os professores, havia uma divulgação muito grande em Curitiba.

E quanto a Rosala Garzuze?

O professor Rosala acumula anos de sabedoria, com uma alegre vontade de viver, que comove e nos move a também querer viver bastante. Queria parabenizá-lo e dizer que ele é um exemplo de que viver vale a pena. Coisa que ele nunca teve é a alma pequena. (PC)

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