• Carregando...
 | Divulgação/CICI2014
| Foto: Divulgação/CICI2014

Entrevista

Cidades são suportes para a cultura e para o senso de comunidade, diz designer

A união de urbanismo com sistemas de telecomunicação será um dos temas debatidos durante a Conferência Internacional de Cidades Inovadoras (CICI) 2014. Doutor em Design e Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Caio Vassão adiantou com exclusividade à Gazeta do Povo o que pensa sobre o assunto. Confira a entrevista.

O senhor propõe o debate em torno do conceito de ‘cidade distribuída’. Ao que se refere?

É um conceito que une urbanismo e sistemas de telecomunicação. Quando pensávamos na cidade, vinha à cabeça, por exemplo, a ideia de edifícios e prédios. Mas isso é só o suporte para que as pessoas criem cultura e comunidade. Agora, o celular é uma ferramenta de urbanismo e as pessoas não se fixam mais pela proximidade com a vizinhança e sim pelas suas conexões virtuais. Por isso, hoje são raros os que conhecem seus vizinhos.

Qual a origem desse conceito?

O primeiro indício de cidade distribuída foi o surgimento dos condomínios fechados, afastados do centro. Eles surgiram após o advento da telefonia e do transporte motorizado – dilatando os espaços das cidades. Mas agora essa percepção não é mais a mesma.

E qual seria?

Os equipamentos de hoje não têm a ver não com algo estendido e distante, mas com os serviços. O conceito ‘co-working’ é um exemplo: espaços que acolhem empresas de pequeno e médio porte que não precisam ter sede própria, mas apenas pontos de atendimento e produção. Há também os serviços de acomodação temporária que se contrapõem ao hotel tradicional: você aluga um espaço por um tempo com mais conforto e até com uma atividade doméstica. Trata-se de um mercado em plena ascensão.

E de que forma isso pode ajudar a resolver problemas como os engarrafamentos?

Existe um modelo de urbanismo muito aceito hoje em dia, que é o da cidade compacta, de pequenas distâncias, que prevê toda a infraestrutura necessária dentro dos bairros.

Do ponto de vista construtivo, o que precisaria mudar?

Há uma percepção de novas oportunidades. Na construção civil os edifícios precisam ser multifuncionais e adaptados às demandas, que muitas vezes surgem e desparecem rapidamente.

O poder público já acompanha esse conceito?

Há uma aproximação com o orçamento participativo e as audiências públicas para discutir plano diretor. Mas isso ainda é uma mudança inicial. Já seria possível utilizar sistemas online como o ‘google maps’ para fazer um referendo público sobre uma transformação de um bairro. Mas, em longo prazo, o estado precisa perceber o óbvio: que ele é um provedor de infraestrutura.

Caio Vassão, doutor em Design e Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.

Cidades mais funcionais e inteligentes. Essas são as propostas de discussão da Conferência Internacional de Cidades Inovadoras (CICI) que ocorre em Curitiba, a partir da próxima quarta-feira. Com mais de 30 palestrantes já confirmados, o evento está em sua terceira edição. Nas duas primeiras, mais de sete mil pessoas marcaram presença nas palestras que reuniram representantes de 500 cidades espalhadas pelo mundo.

Organizada pelo Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP) e pela Universidade Positivo e Prefeitura de Curitiba, a CIC 2014 tem entrada gratuita e limitada. Paralelo às palestras, ainda haverá o iCities, fórum para compartilhar e aprofundar o conhecimento das palestras por meio de debates.

Além dos conferencistas brasileiros, a edição deste ano reúne convidados de cidades de Portugal, Espanha, Estados Unidos, Itália, Canadá e Dinamarca. O evento tem abertura oficial marcada para as 19h da próxima quarta, mas antes disso, a partir das 17h, já haverá uma mesa-redonda com as apresentações sobre cidades inteligentes e humanas, inovação social e tecnológica.

Mobilidade no Brasil

Nos dois dias seguintes, as palestras estão agendas para começar sempre às 9 horas. Na quinta, destaque para o primeiro fórum cujo foco será "Mobilidade no Brasil". O tema foi um dos motes dos protestos de junho do ano passado e entraram definitivamente na agenda do país como uma das principais reivindicações da sociedade brasileira. Nesse mesmo dia, as palestras e fóruns seguintes irão tratar de questões como empreendedorismo e comunicação – sempre com foco voltado às cidades.

No dia seguinte, o foco se volta à sustentabilidade, eficiência e qualidade de vida. Haverá palestras sobre construções sustentáveis com especialistas internacionais e com um representante de uma das maiores construtoras do país.

Para quem quiser estender a participação, em todas as datas haverá palestras, oficinais e painéis paralelos às apresentações dos conferencistas, inclusive com a participação do poder público. No dia 8, a Partir das 16h, o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) falará sobre a revisão do Plano Diretor. Na sequência, será a vez dos técnicos da Urbanização de Curitiba (Urbs) que irão comandar uma mesa redonda entre 17h e 19h. Além dos dois órgãos, a Secretaria de Trânsito também marcará presença no evento.

Serviço

Quem quiser participar das palestras pode conferir a programação completa no www.cici2014.com. Nesse endereço também é possível se inscrever, gratuitamente, no evento. As inscrições são limitadas. Os eventos ocorrem dias 7, 8 e 9 de maio, na Universidade Positivo.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]