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Papa embarcou no aeroporto de Fiumicino em um voo da Alitalia para o Rio de Janeiro | Reuters/Giampiero Sposito
Papa embarcou no aeroporto de Fiumicino em um voo da Alitalia para o Rio de Janeiro| Foto: Reuters/Giampiero Sposito

"Vocês não se conformam com nada". Foi assim que o papa Francisco respondeu quando questionado por brasileiros, durante o voo entre Roma e o Rio, sobre o fato de alguns "lamentarem" a nacionalidade argentina do pontífice. "Vocês querem tudo", brincou o papa. "Vocês já têm um Deus brasileiro, queriam um papa brasileiro também?". Menos de duas horas depois de decolar de Roma, sobrevoando o deserto do Saara, o papa falou com a imprensa. De forma paciente, conversou com cada um, em uma das alas do avião.

Mas foi com os brasileiros que ele não perdeu o humor, chegando a levantar uma bandeira do Brasil dada a ele por um dos repórteres. A outro jornalista, ele ainda brincou. "Os argentinos dizem que eu sou argentino. E vocês, o que é que têm?". Antes que uma resposta fosse dada, ele emendou: "vocês tem a mim, também".

Sorridente e chegando a gargalhar com as piadas, o papa pediu desculpas por não dar entrevistas. "Eu não sei fazer isso", justificou. Mas fez questão de receber cada um dos jornalistas no voo da Alitalia. Uma repórter do México lembrou que ele havia deixado o conforto da primeira classe para se reunir com "os leões", em referência aos jornalistas. O papa assumiu a brincadeira. "Vocês não são os santos aos quais sou devoto", ironizou. "Mas esses leões não são tão ferozes", disse o argentino.

Questionado sobre quem ganharia a Copa do Mundo de 2014, apenas olhou para o céu com o ar de suspense e deixando o resultado "nas mãos de Deus". O voo que leva o papa saiu de Roma às 11h51, horário local, e chegará às 16h no horário de Brasília. Há 105 pessoas a bordo.

Visita é em momento "oportuno", diz papa sobre protestos

Também durante o voo, Francisco alertou que a crise mundial ameaça transformar uma geração inteira de jovens em uma geração perdida, e que muitos podem jamais encontrar um trabalho. O papa deixou claro sua preocupação social e, diante dos protestos no Brasil, confirmou: "sua visita vem em um momento muito oportuno".

Menos de duas depois de decolar, sobrevoando o deserto do Saara, o papa saiu da primeira classe e se encontrou com os jornalistas no fundo do avião. Não aceitou perguntas, alegando que não sabe dar entrevistas.

Numa declaração feita entre as poltronas do avião e cercado por jornalistas, o argentino revelou sua preocupação com a exclusão social de jovens e idosos. "Essa primeira viagem é para encontrar os jovens. Mas não no isolamento e sim no contexto de sua sociedade. Quando isolamos os jovens, fazemos uma injustiça. Eles pertencem a uma família, a uma cultura, a um país, a uma fé. Não podemos isolá-los da sociedade", disse o papa. "Por isso quero encontrá-los em seu tecido social", insistiu. "É verdade que a crise mundial não tem sido suave com os jovens. Li na semana passada quantos deles estão sem trabalho e acho que corremos o risco de criar uma geração que nunca trabalhou", alertou o papa. "Trabalho dá dignidade a pessoa e a habilidade de ganhar o pão. A juventude está em crise", alertou. "Estamos acostumados com uma cultura descartável. Fazemos isso com frequência com os idosos e, com a crise, estamos fazendo o mesmo com os jovens. Precisamos de uma cultura de inclusão", apelou o papa.

Para ele, o problema não é apenas o isolamento dos jovens. "É verdade que são o futuro do povo, que têm energia. Mas eles não são os únicos que representam o futuro, os idosos também. Os jovens são porque são fortes e os velhos porque têm a sabedoria" declarou. "Algumas vezes somos injustos com os velhos, como se não tivessem nada a nos dar. Mas eles têm a sabedoria de história, pátria e família que precisamos", disse o papa. Mantendo sua simplicidade, ele pediu aos jornalistas que o ajudassem na viagem "para o bem da sociedade", e concluiu com sua declaração que já virou tradicional, "um abraço a todos".

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