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Retrato em 3 X 4

Vanderlei Locatelli, 41 anos, é proprietário de uma banca de revistas e jornais, localizada próximo do campus central da Universidade Federal do Paraná, a Reitoria. Natural de Coronel Vivida, no sudoeste do estado, veio para a capital com 10 anos de idade. Formou-se em Administração e desde os 25 anos se tornou um leitor assíduo. Lê em média um livro por mês.

Interatividade

Que tal fazer sua biografia de leitor? Conte aqui como foi seu encontro com os livros, as obras que nortearam sua vida, o título de seu livro afetivo. e quem foram as pessoas que colaboraram no encontro com a literatura, os jornais, as revistas.

"Eu nasci no interior do Paraná, na cidade de Coronel Vivida, Região Sudoeste. Lembro-me do inverno rigoroso que enfrentávamos. Uma geada doída, com a temperatura perto dos 0ºC. A gente não tinha nem sapato. Ia para escola calçando chinelo de dedo. Usávamos saco de arroz vazio para transportar o material escolar. Não tinha nem vontade de estudar direito.

Aí em 1981, quando eu tinha 10 anos, nossa família se mudou para Curitiba. Meu pai comprou essa banca de revistas, que agora sou eu que administro. Faz 19 anos que comando o negócio. Meu pai está aposentado. Quando a gente chegou aqui, estudei até a 8ª série, em colégio público. O ensino médio fiz em escola particular. Depois fiz curso de Administração na Universidade Federal do Paraná.

Não posso dizer que estou realizado profissionalmente como administrador de uma banca de jornais e revistas perto da universidade. Mas aqui eu tenho contato com muita gente, clientes fiéis. Tenho até um caderninho no qual anoto as preferências dos fregueses para poder guardar as revistas e jornais que eles sempre compram.

Desde os 22 eu sou responsável pela banca. Como o ponto é perto da "Federal" eu converso com muitos professores e alunos. De tanto conversar com eles, comecei a pegar gosto pela leitura.

O primeiro livro com o qual tive contato visual foi aos 12 anos. Depois li muita coisa porque era obrigado, seja pela escola ou pela faculdade. Esse negócio de impor a leitura para depois aplicar uma prova não funciona. Dá até o efeito contrário, de afastar as pessoas dos livros. Tinha que tentar uma nova tática para estimular a prática aos mais jovens.

Acho que comecei a me interessar por livros, mesmo, ali pelos 25 anos. Nunca é tarde para gostar de literatura. Prefiro os autores da América Latina, brasileiros, espanhóis e portugueses. Não aprecio muito os escritores britânicos e norte-americanos. Leio em média um livro por mês. Acho que, atualmente, em um ano leio mais do que li até os 25 anos da minha vida.

Não sei ao certo quem me incentivou a ler. Talvez o contato com os professores da UFPR, com os quais eu sempre conversava e ainda converso. Os meus primeiros livros foram mais "simples", como Paulo Coelho. E livros de aventura. Já li todos os livros de Eduardo Galeano e agora estou lendo Vigiar e Punir, de Michel Foucault. Essa obra mostra a evolução do direito penal ao longo do tempo. Aprendo bastante com esse tipo de leitura.

Posso dizer que ler muda a vida da pessoa. A gente fica com a cabeça aberta. Podemos e temos conhecimento para falar com os outros sobre variados assuntos. O vocabulário fica enriquecido. A visão de mundo fica mais crítica. Se não consigo comprar o livro, empresto. Não é problema.

Não tenho preconceito. Leio literatura, livros de ciências sociais, de ufologia, de jardinagem, sobre meio ambiente, de qualquer coisa. Desde que a leitura prenda minha atenção. Mas hoje tenho uma tendência a ler mais sobre obras que tratem de sociologia. Estou pensando em vender minha banca. Gosto muito de jardinagem, queria fazer um curso na área e me dedicar a essa arte. Mas, independente do que vá acontecer, nunca mais vou deixar de lado a prática da leitura.

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