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"É a nossa maneira de dar um jeitinho em tudo. Eu acredito que seja positivo porque resolve os problemas de cada um." Elizabete Romanos, 82 anos, professora aposentada | Fotos: Priscila Forone/Gazeta do Povo
"É a nossa maneira de dar um jeitinho em tudo. Eu acredito que seja positivo porque resolve os problemas de cada um." Elizabete Romanos, 82 anos, professora aposentada| Foto: Fotos: Priscila Forone/Gazeta do Povo

Juventude é mais flexível

Receber por dois empregos e só trabalhar em um ou usar cargo do governo para beneficiar a si mesmo. O resultado da pesquisa da Gazeta mostra que ao avaliar comportamentos como esses, o cidadão da Grande Curitiba acima dos 40 anos classifica como corruptos e antiéticos com muito mais rigor do que os mais jovens.

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A maioria acredita e respeita as leis acima de tudo

A pesquisa apontou que 66% dos entrevistados creem nas leis, sendo que 56% as respeitam acima de tudo, sem exceções, e 10% dizem que apenas juízes podem decidir sobre exceções à lei em certos casos.

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Recorrer ao famoso jeitinho brasileiro para se livrar de uma multa ou fugir da fila do banco. Entre os moradores da Grande Curitiba, são poucos os que reprovam esse tipo de atitude. A pesquisa da Gazeta do Povo mostra que somente 12% dos cidadãos não aceitam o jeitinho brasileiro em nenhum tipo de condição, enquanto 42% concordam em determinadas situações, quando é preciso ter jogo de cintura.

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A Gazeta do Povo perguntou...

O que é jeitinho brasileiro para você?

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"Jeitinho brasileiro é utilizar artifícios pessoais a fim de burlar uma ordem burocrática ou legal", explica Liliana Porto, antropóloga e professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Na visão dela, esse tipo de atitude condiz com a tentativa de deslocar as relações para o âmbito pessoal, tentando fugir de um modelo orientado por critérios racionais ou legais bem definidos. "Como já expressa o famoso ditado 'aos amigos, tudo; aos inimigos, a lei', o recurso à legalidade é visto como um castigo àqueles que não possuem relações pessoais sólidas e influentes que possam retirá-los desta esfera", afirma Liliana.

Quando perguntados se utilizaram o jeitinho brasileiro em alguma ocasião, 54% responderam que sim e outros 50% disseram já ter pedido para alguém lançar mão desse artifício para resolver algum problema. "Apesar de serem tolerantes, os curitibanos – por terem uma identificação com o universo europeu – são mais avessos a esse tipo de atitude do que o brasileiro de modo geral", diz a antropóloga Liliana. Entre as atitudes identificadas pelos moradores da Grande Curitiba como pertencentes a esse universo estão pedir para um conhecido que trabalha no banco para pagar as suas contas (32%), baixar músicas e vídeos da internet sem pagar nada (27%) e dar gorjeta para o garçom para não esperar na fila (27%).

Apesar de especialistas relacionarem o jeitinho ao modelo de colonização ibérica ocorrida no Brasil e às relações de poder instauradas, a antropóloga da UFPR acredita que esse tipo de atitude está associada à ideia de cordialidade. "Nós vivemos numa sociedade que condena fortemente qualquer tipo de conflito aberto e em um ambiente em que as desigualdades e a discriminação podem ocorrer, desde que se mantenham na esfera privada", diz. Segundo ela, este modelo é propício ao jeitinho, porque este se constitui como uma estratégia eficaz para evitar qualquer tipo de conflito aberto e deslocar as tensões para o mundo privado.

Herança do feudalismo

O cientista político e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sérgio Braga, afirma que este jeitinho não é uma característica própria do brasileiro. "Essa cultura pode ser vista em qualquer sociedade em que o modelo feudalista ainda seja aplicado. O povo daqui só tem mais ginga e habilidade para fazê-lo", conclui.

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