
No extremo-Noroeste do Paraná, dividindo espaço com o Mato Grosso do Sul, uma área de quase 80 mil hectares preserva algumas das principais riquezas naturais do estado. Às margens do Rio Paraná, o Parque Nacional de Ilha Grande abriga um conjunto de ilhas, pequenas praias, vegetação diversificada e animais ameaçados de extinção. Oficializado como unidade de conservação há 14 anos, o parque ainda não conseguiu alavancar o turismo regional. Quem vive nos municípios do entorno não enxerga benefícios e diz que poucos vêm para conhecer e desfrutar dos atrativos.Com uma extensão de 78,8 mil hectares, o parque foi criado em 1997, para proteger uma parcela das várzeas do Rio Paraná. Dez municípios estão na área do parque, seis no Paraná: Guaíra, Altônia, São Jorge do Patrocínio, Alto Paraíso, Icaraíma e Querência do Norte. Por eles há acesso gratuito a prainhas, onde é possível nadar até às margens do rio. Também são oferecidos passeios de barco. A pesca é responsável pela maior parcela dos visitantes.
Um dos locais mais conhecidos dos pescadores na região é a localidade de Porto Figueira, em Alto Paraíso. Às margens do Rio Paraná, dezenas de residências permanecem fechadas durante a maior parte do ano, recebendo famílias apenas em fins de semana ou períodos de férias. Os poucos moradores do lugar dizem que o movimento já foi bem maior. "Há alguns anos isso aqui lotava nos fins de semana. Hoje vem pouca gente", conta Devanir de Araújo, nascido e criado em Porto Figueira.
Devanir e a esposa, Roseni Fernandes Araújo, têm uma vida ligada ao rio. Ele trabalha na dragagem de areia, ela é pescadora. Ambos acreditam que a criação do Parque de Ilha Grande não resultou em benefícios para a comunidade. "Pelo contrário, ficou pior, já que muita gente tinha criação de gado na região e teve de sair", reclama Devair. Já Roseni vê a queda no volume de turistas com simpatia. "Quando tem muito turista atrapalha, alguns não respeitam quem está trabalhando", diz.
Receita
Mesmo com a queda no fluxo de turistas, o secretário municipal de Meio Ambiente de Alto Paraíso, Job Resende, destaca a importância de Porto Figueira. "Quem vai para lá passa obrigatoriamente pela cidade. Isso ajuda a movimentar a economia", avalia. Já no município vizinho de São Jorge do Patrocínio, que tem mais da metade de seu território dentro da área do parque, os reflexos do turismo são mínimos. "Não tem turista porque é tudo muito rústico, não tem conforto para quem vem. Além disso, é um cenário que se encontra com facilidade em outras regiões", relata o prefeito Cláudio Palozi.
Para as prefeituras, o retorno financeiro vem do ICMS Ecológico, parcela do imposto destinada a municípios como forma de compensar as restrições ambientais de seus territórios. Em Alto Paraíso, o tributo representa 40% da receita. Em São Jorge do Patrocínio, o repasse médio é de R$ 300 mil mensais. "Mas é preciso lembrar que a gente gasta em torno de R$ 40 mil para cumprir com as obrigações relacionadas ao parque", observa o prefeito.



