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Na avaliação do sociólogo Júlio Jacobo Waiselfisz, um dos autores do Mapa da Violência, da Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (Ritla), não há interesse em matar a população civil. Porém, a polícia tem legalmente o monopólio legítimo da violência: pode estar armada e enfrentar o criminoso. Depois, alega legítima defesa. "Não acredito que seja um problema de preparação policial, e sim de falta de política de enfrentamento." Para o especialista, só a transparência nos dados vai fazer a polícia pensar antes de cometer excessos.

Ele lembra que no Rio de Janeiro as ações estão menos ostensivas – o que se via antes era um verdadeiro ato de guerra. No ano passado foram 1.330 autos de resistência (documento policial que registra resistência armada nas operações policiais), segundo a Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro. Em São Paulo, 377 casos, no ano.

O sociólogo e especialista em segurança Pedro Bodê, professor da Universidade Federal do Paraná, vê a transparência nos dados como algo fundamental. Quando a ação é em legítima defesa, não há o que discutir. Porém, os autos de resistência não entram no cômputo das estatísticas de homicídios, o que causa uma certa desconfiança. A execução sumária acaba tirando a legitimidade da polícia, diz ele. E, por incrível que pareça, se por um lado a sociedade tem a ideia de que o criminoso deva ser punido, as comunidades mais pobres – onde ocorre o maior número de casos – são as primeiras a se rebelar quando são atingidas. "Temos uma sociedade que clama pela pena de morte e pelo extermínio. Para a polícia, isso é uma carta branca." (AP)

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