
Pouco espaço nos laboratórios, equipamentos antigos e ultrapassados, material para pesquisa escasso, número restrito de livros por disciplina e até falta de papel higiênico nos banheiros. Desde as simples até as mais complexas, são essas as principais queixas dos estudantes de graduação da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e algumas delas se destacaram na avaliação institucional feita pelos alunos de todos os níveis. Seja na Reitoria, no Centro Politécnico ou Santos Andrade, dá para perceber os efeitos do tempo nas velhas edificações. Grande parte das carteiras é de madeira e bastante antiga, assim como os elevadores, cortinas, armários, mesas, salas de aula e banheiros. Depois de estudar tanto para conquistar uma vaga na maior universidade pública do estado, o aluno sabe o que vai encontrar e imagina as dificuldades pelas quais poderá passar ao longo dos anos de curso.
As estudantes de Farmácia Maíra Castilho, Amanda Sombrio, Bianca Machado Val e Gabriele Luize Pereira estão no quarto período do curso e contam que não conseguiram fazer matrícula em uma disciplina por falta de vagas para todos os alunos. "Não cabe todo mundo no laboratório. Então, parte da turma terá de cursá-la em outro semestre, o que pode atrasar a formatura", contam.
Elas também reclamam da falta de material para as aulas em laboratórios. "Nem sempre tem todos os produtos que usamos, como os reagentes, por exemplo, mas os professores acabam se virando de alguma forma". Para os alunos de Engenharia Química, o problema é o mesmo. "Usamos os laboratórios com vários outros cursos. As coisas lá são improvisadas e os equipamentos estão super ultrapassados. Além disso, em época de prova é complicado emprestar livros, pois existem poucos exemplares", contam Cássio Tanoye, Gabriel Leal e Carlos Miranda.
Além dos 4.144 alunos que ingressam todos os anos na UFPR, em 2009, outros 1,2 mil estudantes vão poder receber educação superior gratuitamente na instituição. Mesmo com os problemas e desafios que enfrenta, a universidade garante que está preparada para recebê-los. "Temos sim como receber esses estudantes nos diferentes cursos que vão ofertar mais vagas para o próximo ano, assim como os que vão abrir agora. Por isso nossa prioridade é terminar as obras que estão em andamento, até porque são elas que demandam mais tempo", diz a reitora interina da UFPR, Márcia Helena Mendonça.
As obras, reformas e investimentos que devem ser feitos na UFPR são provenientes do Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), aprovado em 2007. Com o programa, a instituição terá 6 mil novas vagas até 2012 e vai investir na reestruturação do espaço físico. "As universidades públicas ficaram sucateadas por oito anos, durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Nessa época não se investiu nelas, enquanto as instituições privadas se informatizavam e modernizavam muito rápido. Hoje vamos precisar de pelo menos dez anos para alcançar e acompanhar esse patamar de modernização", explica a reitora.
De acordo com o pró-reitor de Planejamento e Finanças, professor Paulo Tetuo Yamamoto, existe verba do Reuni que será investida em equipamentos para vários cursos. "Dentro do orçamento já existe previsão de aquisição de materiais e reforma dos laboratórios", diz.



