
Cerca de 300 consultas pré-agendadas foram canceladas ontem no Hospital Evangélico no primeiro dia de paralisação dos médicos-residentes. O número corresponde a um terço do total de atendimentos realizados por dia. Hoje os bolsistas do Hospital de Clínicas (HC) de Curitiba aderem à mobilização. Até o final desta semana profissionais dos hospitais Pequeno Príncipe, Santa Casa e Cajuru também prometem parar. Os manifestantes pedem reajuste de 38,7% no valor da bolsa-auxílio.
A Associação dos Médicos-Residentes do Paraná (Amerepar) estima que metade dos cerca de 700 residentes da capital participem dos protestos. Em Londrina, o Hospital Universitário (HU) está no terceiro dia de greve. Já em Maringá, os residentes do HU local voltaram ontem ao trabalho.
Os funcionários do Evangélico, que haviam previsto a paralisação já na sexta-feira, iniciaram somente ontem. Quem tinha consulta agendada ficou sabendo somente na hora que ela seria cancelada. Isso porque a direção da instituição precisa fazer um controle dos residentes faltantes para saber quais especialidades são prejudicadas. Segundo o hospital, os pacientes que perderam o atendimento devem aguardar o reagendamento após o final da greve. Entre os prejudicados há pessoas que vieram do interior e da região metropolitana. Nesta semana, a expectativa é que mais consultas e cirurgias eletivas sejam prejudicadas no Evangélico devido à adesão dos profissionais.
No HC, a previsão é que não ocorram cancelamentos, mas a população pode esperar mais demora no atendimento, que será assumido pelos médicos preceptores dos residentes. Somente hoje a direção vai saber quais as especialidades que aderiram à paralisação e o número de bolsistas. No HC são 276 residentes.
Reivindicações
Além do reajuste da bolsa-auxílio, que passaria de R$ 1.916 para cerca de R$ 2,7 mil, está na pauta de reivindicações dos residentes auxílio-moradia e alimentar, reajuste anual, ampliação da licença-maternidade, supervisão constante dos professores e respeito às 60 horas de trabalho semanais. "Não queremos prejudicar a população. Montamos uma escala de trabalho para afetar minimamente os serviços. Somos obrigados a fazer a manifestação porque não temos reajuste desde 2006", explica a coordenadora da Comissão de Médicos-Residentes do Hospital de Clínicas, Viviane Bressan.
Mais protestos
Amanhã, 20 dos 45 residentes do Hospital Pequeno Príncipe planejam paralisar as atividades. Na quinta-feira, 40 dos 83 profissionais da Santa Casa farão o mesmo. E na sexta é a vez dos bolsistas do Cajuru, que prevê uma adesão de menos de 10% dos 111 estudantes.
Já integram a mobilização os nove residentes do Nossa Senhora da Luz, que participaram de um protesto no Centro de Curitiba na sexta-feira passada. O Hospital da Cruz Vermelha ainda não recebeu nenhum indicativo de greve. As demais instituições têm número pequeno de bolsistas e não entraram em contato com a Amerepar. Em todos os locais, os serviços de urgência e emergência não serão afetados.
Em São Paulo, pelo menos 50 médicos-residentes em greve desde a semana passada fizeram um ato público na Praça da Sé. Eles reforçaram o pedido pelo reajuste de 38% da bolsa-auxílio. De acordo com a Associação Nacional dos Médicos-Residentes, o movimento conta com o apoio de 90% dos 22 mil profissionais no país.



