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O advogado e policial militar Mizael Bispo de Souza, de 40 anos, não vai se apresentar à Polícia Civil que tenta cumprir neste sábado (10) o mandado de prisão expedido pela Justiça contra o ex-namorado de Mércia Nakashima. Ele é apontado pelo vigilante Evandro Bezerra Silva como o assassino da advogada. A informação foi dada no início desta tarde pelo advogado do suspeito, Samir Haddad Júnior, que afirmou ao portal G1 que vai entrar com um pedido para revogação da decisão judicial na segunda-feira (12). Se o recurso for desfavorável, o defensor promete ainda entrar com um habeas corpus em favor de Mizael no Tribunal de Justiça de SP.

"Mizael não vai se apresentar antes de eu entrar com recursos cabíveis para revogar essa aberração jurídica, que foi essa decisão, dada no calor dos acontecimentos em cima de um depoimento, no mínimo, questionável do Evandro, porque ele falou antes de chegar a polícia de São Paulo que não era o Mizael o assassino e não tinha nada a ver, negando o fato", disse o advogado Haddad Júnior. "Ele saiu de manhã para comprar pão e depois irmão ligou para dizer que tinha polícia na porta da casa dele. Foi orientação minha ele não se apresentar. É um direito dele. Não é obrigado se apresentar."

Para o defensor de Mizael, a decretação da prisão é "arbitraria, ilegal e sem fundamentação jurídica. E ocorreu na calada da noite, no mínimo suspeita. Esse cara [Evandro] muda a versão e assume crime tão grave culpando o Mizael. Mesmo assim, isso não é motivo de prisão. Mizael sempre colaborou com a justiça. Mas dessa vez ele não vai se apresentar, porque é decisão abritrária, dado na calada da noite."

"Não se pode dizer que o Mizael é foragido porque ele tem direito a recurso. Está em lugar ignorado. Não vou orientá-lo a fugir. Ele não vai fugir. Não vai sair do Brasil. Depois de esgotar recursos, vai se apresentar porque também não vou querer que o Mizael se torne foragido", disse Haddad Júnior.

"Se ele se apresentar, a chance do Tribunal de Justiça rever o decreto de prisão é grande", disse o promotor do caso, Rodrigo Merli. "Mizael pode fazer isso: ele não tem obrigação de se entregar. Mas acredito que com essa fuga, é pouco inteligente o cidadão não se apresentar. Vai dar verdadeiro motivo para o decreto permanecer".

A Polícia Civil de São Paulo foi prender Mizael mas não o encontrou na casa dele, em Guarulhos, na Grande SP, no início desta tarde.

Prisão decretada

A prisão temporária por 30 dias de Mizael foi decretada nesta manhã pela Justiça de Guarulhos, na Grande SP, a pedido do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). O que motivou o pedido foi o depoimento que o vigilante Evandro Bezerra Silva, de 38 anos, outro suposto envolvido no crime e considerado cúmplice de Mizael, deu para policiais paulistas do DHPP em Sergipe. Ele falou da cadeia em Nossa Senhora da Glória, a 115 km da capital Aracaju, onde o segurança está detido, ele negou a versão anterior dada à polícia sergipana e afirmou agora que Mizael matou Mércia por ciúmes numa represa em Nazaré Paulista, no interior do estado, em 23 de maio. Evandro teria dito que foi apenas buscar de carro o advogado no mesmo local, segundo informaram ao G1 policiais.

A advogada havia deixado a casa dos avós em Guarulhos e desapareceu sem dar mais notícias em 23 de maio. Foi ainda na mesma represa que o carro da advogada, um Honda Fit prata, foi localizado submerso no dia 10 de junho após a denúncia feita por um pescador. O corpo da vítima foi encontrado em 11 de junho pelos bombeiros. A testemunha contou à polícia que viu um homem alto não identificado sair do veículo e escutou gritos de mulher antes de o automóvel afundar.

Caso Mizael seja preso, ele deverá ser levado para o presídio Romão Gomes, da Polícia Militar em SP, pelo fato de ser policial militar aposentado. Em outras oportunidades, o ex sempre negou o crime.

O segurança Evandro já estava preso por suspeita de envolvimento com o crime. Ele foi detido na sexta-feira (10) após ficar foragido desde o dia 25 de junho, quando também teve a prisão temporária por 30 dias determinada pela Justiça por faltar a um depoimento no DHPP na capital paulista.

Segundo os peritos da Polícia Técnico-Científica, a mulher levou um tiro no rosto, teria desmaiado e morrido afogada. O laudo do Instituto Médico legal (IML) sobre a causa da morte deve ficar pronto até a próxima semana. Assim como os exames feitos no veículo para encontrar pistas do assassino. Para a investigação, além de Mizael e Evandro, o irmão do advogado também estaria envolvido no homicídio. Ele ligou 27 vezes para o vigilante num período próximo ao sumiço de Mércia.

O delegado Antonio de Olim e um investigador do DHPP, que viajaram na sexta de São Paulo para Sergipe para ouvir Evandro, devem retornar na noite deste sábado com o vigilante preso. O objetivo dos policiais de SP é ouvi-lo novamente.

No dia em que Mércia sumiu, testemunhas disseram ter visto Bispo conversar com um vigilante Evandro, que trabalhava num posto de gasolina em Guarulhos. A Polícia Civil de Sergipe informou que o vigilante confirmou que trabalhava para o ex-namorado de Mércia e que mantinha contatos com o Mizael pois trabalhava para ele como segurança.

Ainda, de acordo com a investigação do DHPP, a quebra de sigilos telefônicos dos suspeitos autorizada pela Justiça revelou que Evandro conversou diversas vezes com Mizael, pessoalmente e por telefone, antes, durante e depois do desaparecimento e morte de Mércia.

"O Evandro participou. Veja o que nós temos aí. Eles se encontravam, né? Se encontraram muito antes do crime. E se encontraram no dia do crime, se encontraram um dia antes do crime. Quer dizer: tem muitas coincidências, muitas ligações [telefônicas], muitas coisas que unem os dois nos dias dos fatos", disse o delegado Antonio de Olim, do DHPP.

Além disso, uma testemunha chegou a dizer à polícia de SP que o segurança Evandro teria recebido R$ 5 mil de Mizael para fazer uma "coisa errada". Para a investigação, essa "coisa errada" seria ajudar a matar Mércia. Mizael é apontado como uma pessoa violenta pelos parentes da vítima. Segundo os familiares da advogada, ele não aceitava o fim do namordo de 4 anos com a advogada.

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