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A expansão do ensino superior em todo o país perdeu fôlego nos últimos anos. No Censo da Educação Superior 2005 – o último divulgado pelo Instituto Nacio-nal de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) – foi registrado o menor índice de crescimento desde 2003. A queda de ritmo foi impulsionada pela rede particular, que cresceu 8,1%, em 2005, contra uma taxa de 14,6%, em 2003, em todo o país.

A tendência se repete no Paraná. Enquanto em 2002 surgiram 22 novas instituições, esse número caiu para 17, em 2004, e 18, em 2005, ou seja a média de crescimento pouco variou. Um dos motivos para essa queda é o aumento de vagas ociosas na rede particular. Passou de 1.497, em 1991, para 65.192, em 2004.

Para a professora do setor de Educação da UFPR Regina Michelotto, que participou da análise dos dados do Inep, o ritmo de crescimento diminui, mas não como se esperava. "Os privatistas conseguiram mexer no Prouni, que tem garantido a manutenção dessas instituições", critica. Já o professor da Unimep Valdemar Sguissardi atribui a queda a uma limitação de mercado. "A expansão chegou ao limite porque começou a se esgotar a capacidade de pagamento da classe média", diz.

Os representantes de entidades e associações da rede particular reconhecem o esgotamento da capacidade e fazem uma previsão não muito otimista para o setor. O diretor da Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup) Rubens Lopes da Cruz ressalta que no estado de São Paulo há instituições sendo fechadas devido à crise financeira. "Houve um exagero mesmo nessa expansão, mas não foi um erro apenas do governo. As próprias escolas apostaram demais no crescimento do setor", afirma.

O presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Particulares do Estado do Paraná (Sinepe-PR), José Macedo Caron Júnior, ressalta que a rede particular de ensino superior vive um momento de adequação perigoso. "Isso porque a demanda reprimida já foi atendida. Acredito que vai haver um esgotamento desse modelo de insituições isoladas. Fusões para a criação de centros universitários podem ser a saída para se evitar o fechamento de alguns estabelecimentos", afirma.

Crise x qualidade

A crise financeira que algumas instituições da rede particular sofrem é mais um motivo para que especialistas critiquem a qualidade de ensino oferecida. Um dos problemas estaria no regime de contratação adotado pelas escolas particulares, apontam os professores Regina e Sguissardi. "Na rede pública os docentes têm dedicação exclusiva, melhor titulação e isso não ocorre na particular. Os professores são horistas e acabam se tornando verdadeiros bóias-frias da educação", afirma Sguissardi.

O presidente do Sindicato dos Professores de Ensino Superior de Curitiba e Região Metropolitana (Sinpes), Valdir Perrini, concorda. Atualmente a rede particular da RMC emprega cerca de 8 mil docentes. "As condições de trabalho dos professores foram muito precarizadas. Temos problemas com salários atrasados e a qualificação acaba se tornando um problema. As empresas acabam dando prioridade para a contratação de especialistas e só cumprem o mínimo exigido quando está próximo da visita da comissão do MEC. Vivemos num mundo da fantasia", diz.

Para o presidente do Sinepe-PR é importante separar o joio do trigo. "Temos excelentes professores que não tem dedicação exclusiva porque ainda atuam no mercado de trabalho e querem uma aproximação do meio acadêmico", diz. Caron Júnior ressalta que a entidade não compactua com instituições que não oferecem boa qualidade de ensino. "Essas não fazem parte nem do nosso quadro de associados", afirma. (TD)

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