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Estudantes de Medicina chegaram a ir às ruas em protesto contra as dívidas da Evangélica, em 2014 | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Estudantes de Medicina chegaram a ir às ruas em protesto contra as dívidas da Evangélica, em 2014| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

A Faculdade Evangélica do Paraná (Fepar) concluiu a demissão de 105 professores de seu quadro na última sexta-feira (29), após audiência na Justiça do Trabalho. O anúncio da demissão ocorreu em dezembro de 2014, quando a instituição fechou seis de seus sete cursos de graduação.

“Passar a borracha”: a vida de ex-alunos e professores após o fim de cursos na Faculdade Evangélica

O fechamento de seis dos sete cursos da Faculdade Evangélica, no início deste ano, criou um clima de luto entre alunos e professores. Quase um semestre depois, os órfãos da Fepar tentam tocar a vida em frente.

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Crise na SEB

A nomeação do médico Fabrício Cascardo Hito como interventor do Hospital Evangélico e da Faculdade Evangélica pegou a comunidade de surpresa. A decisão foi tomada em 17 de dezembro do ano passado, pelo juiz Eduardo Milléo Baracat, do TRT. Ele atendeu a um pedido do MPT, que alegou na época que havia mais de 1.300 ações trabalhistas em andamento contra o hospital.

Hito tem 12 meses, prorrogáveis por mais 12, para colocar a “casa em ordem”. A instituição têm uma série de dívidas, além das trabalhistas. Só no segundo semestre de 2014, o pronto-socorro do hospital fechou duas vezes, uma por falta de medicamentos para os pacientes e outra por falta de oxigênio.

Em meio ao processo de crise, a escolhe de Hito foi vista com desconfiança por estudantes e sindicatos. Isto porque ele havia sido contratado pela Sociedade Evangélica Beneficente (SEB) uma semana antes, para trabalhar como executivo do hospital.

A médica Carmen Austrália Paredes Marcondes Ribas assumiu a faculdade para tentar minimizar o clima de confronto com os professores, que se instalou após o fechamento dos cursos. Novamente, o Sindicato dos Professores do Ensino Superior de Curitiba e Região Metropolitana (Sinpes) alegou que a interventora não tinha “imparcialidade”, devido à sua possível proximidade com a SEB, segundo nota emitida pelo sindicato em março deste ano.

A demora na homologação ocorreu porque a faculdade resistiu em considerar a ação como uma “demissão coletiva”, segundo o advogado Valdyr Perrini, presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Superior de Curitiba e Região Metropolitana (Sinpes).

A audiência foi mediada pela desembargadora Ana Carolina Zaina, vice-presidente do Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT). A Fepar tem 24 meses para quitar as dívidas com os funcionários referentes à rescisão do contrato de emprego e à indenização a que cada um terá direito, devido à demissão coletiva.

A indenização é de três salários, para quem tinha de um a três anos de casa. De cinco salários, para quem tinha entre três e cinco anos; e de sete salários, para quem tinha mais de cinco anos de serviço. Nos três casos, a base é o vencimento de fevereiro.

Se não quitar os débitos no período de dois anos, a faculdade tem mais dez meses para pagar os valores restantes. Durante este período extra, podem incorrer juros. Para os profissionais com salário menor que R$ 1.500, o prazo para pagamento cai de dez para seis meses.

Na ação, movida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), a Fepar ficou fica obrigada a pagar uma indenização por demissão coletiva a cada funcionário dispensado. Este valor, bem como os devidos pela rescisão contratual, deve ser pago em até 24 meses, a partir do mês de junho.

Se os valores não forem quitados neste prazo de dois anos, a faculdade tem mais dez meses para parcelar a dívida, desta vez com a cobrança de juros.

O Sindicato dos Auxiliares de Administração Escolar de Curitiba (Saaepar), que representa os funcionários demitidos, tem até 2 de junho para se manifestar “ratificando, ou não, os termos do acordo”.

Caso os funcionários representados pelo Saaepar ratifiquem o acordo, fica a critério da Fepar parcelar as dívidas em até 24 meses, desde que o valor de cada parcela não seja inferior a R$ 400.

Intervenção

A decisão de fechar os cursos de Enfermagem, Medicina Veterinária, Nutrição, Psicologia, Tecnologia em Gestão Ambiental e Fisioterapia foi uma das primeiras medidas tomadas por Fabrício Hito, nomeado diretor da faculdade e do Hospital Evangélico, após um pedido de intervenção judicial do Ministério Público do Trabalho (MPT).

A decisão foi contestada na Justiça pelo Sinpes. Em 29 de janeiro, o desembargador Arion Mazurkevic, do Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR), determinou a reabertura dos cursos.

No entanto, os alunos que retornaram foram obrigados a assinar um termo de ciência, em que admitiam que um novo fechamento poderia ocorrer a qualquer momento, segundo o presidente do Sinpes.

O documento assustou alguns estudantes, que optaram pela transferência de instituição. Ex-alunos da Evangélica confirmaram a informação à reportagem. A direção da faculdade foi procurada, mas não se manifestou a respeito.

A briga entre direção, alunos e professores levou a uma nova intervenção. Em 26 de fevereiro, o TRT designou a professora Carmen Austrália Paredes Marcondes Ribas como interventora da faculdade, e manteve Hito à frente do hospital.

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