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Andressa frequenta uma escola estadual pouco adaptada a cadeirantes.  Ela terá aula de matemática só no ano que vem, porque para chegar na sala existe uma escadaria | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Andressa frequenta uma escola estadual pouco adaptada a cadeirantes. Ela terá aula de matemática só no ano que vem, porque para chegar na sala existe uma escadaria| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Não basta fazer rampas. É preciso capacitação

A inclusão de alunos com deficiência em escolas de educação regular divide opiniões.

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Cidade precisa se adaptar para ajudar a incluir

Uma estrutura preparada para receber pessoas com deficiência física nas escolas regulares não pode se limitar a colocar rampas ao lado de escadas.

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  • Geovani, irmão de Andressa, estuda em uma escola municipal adaptada

Quando Cleia Camargo dos Santos transferiu a filha Andressa, 17 anos, de uma escola especial para uma de ensino regular não esperava ter de lutar tanto para conseguir uma rampa. Assim como o irmão Geovani, 15 anos, Andressa nasceu prematura e teve paralisia cerebral. Por ser cadeirante, depende de infraestrutura adequada para ter acesso aos ambientes do colégio, mas, como em 77% das escolas do país que atendem do 6.º ao 9.º do ensino fundamental, segundo o Censo Escolar 2010, o colégio de Andressa não apresenta as condições básicas para receber pessoas com deficiência.

As dificuldades para Andressa estudar no ensino regular começaram no momento da matrícula. Segundo a mãe Cleia, o Colégio Estadual Maria Montessori, em Curitiba, não queria aceitar a aluna por não ter condições para receber cadeirantes. Quando Cleia conseguiu a vaga, o problema passou a ser vencer a ausência de uma estrutura básica de acessibilidade. "No começo íamos sempre eu e meu marido e erguíamos a cadeira de rodas para subir a escada. Demorou um pouco para fazerem rampas", conta Cleia. Uma das rampas hoje existente foi paga por um candidato a deputado estadual.

Simplesmente entrar no edifício da escola, porém, não deu a Andressa acesso igual aos demais alunos. "Eu dependia dos outros para tudo. Para descer no refeitório quatro amigos tinham de ajudar. O banheiro eu não usava", conta a estudante, lembrando dos primeiros meses no colégio. Hoje, o antigo banheiro dos professores foi adaptado e está em uso. Uma longa escadaria, entretanto, ainda impede que Andressa assista às aulas de matemática no segundo andar, disciplina que só estudará no próximo ano, após uma adaptação na grade curricular.

O caso de Geovani foi resolvido de maneira mais simples. A Escola Municipal Eny Caldeira já contava com as rampas e barras necessárias para cadeirantes e, desde o início do ano letivo, o aluno pode chegar aos mesmos ambientes que os outros estudantes. "Tinha sempre alguém para acompanhá-lo no recreio e as crianças o aceitaram muito bem", conta a mãe.

Desde que os filhos saíram da Escola de Educação Especial Nabil Tacla, que atende apenas até o 4.º ano do ensino fundamental, a rotina de Cleia e do marido Daniel mudou completamente. Até o ano passado, um ônibus adaptado para pessoas com deficiência fazia o transporte de Andressa e Geovani, ambos tinham fisioterapia, hidroginástica e eram atendidos por um ortopedista no local. Agora, em escolas regulares, Cleia terá de deixar o emprego para manter o acompanhamento médico dos filhos.

Números

De acordo com a prefeitura, das 179 escolas municipais de Curitiba, cerca de 70% já passou por processo de adaptação. As unidades, no entanto, só são reformadas quando uma criança com deficiência passa a frequentar as aulas. Na rede estadual a situação é mais crítica. Segundo a Secretaria de Estado da Educação, dos 2.150 prédios escolares, apenas 110 têm condições de acessibilidade (pouco mais de 5%). A secretaria justifica que o baixo número de escolas adequadas deve-se ao tempo de construção dos edifícios: 50% têm mais de 30 anos e as primeiras normas arquitetônicas referentes à acessibilidade datam de 1983.

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