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Quase dois meses após sofrer complicações durante o trabalho de parto, uma jovem de 19 anos que vive no Litoral do estado ainda não conseguiu realizar uma cirurgia necessária para reparar um problema detectado na bexiga dela. O motivo de tanta espera é a falta de anestesiologistas no Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que desde o dia 29 de maio atende com médicos desta especialidade em número reduzido. Marilena Castilho Bueno, mãe de Mariana Padilha, conta que a filha teve a bexiga perfurada durante o parto, realizado no dia 20 de maio. O problema impede que a jovem consiga controlar o órgão e, por isso, cada vez que ela ingere bebidas, urina quase que instantaneamente. Sem ainda ter conseguido resolver o problema, Mariana precisa usar fralda continuamente. Na tentativa de corrigir a falha na bexiga, Mariana e a família procuraram dois hospitais no Litoral. Em ambos, segundo Marilena, foi dito que não havia como atender a jovem, mas uma das instituições a encaminhou para o HC, em Curitiba. De acordo com a Marilena, Mariana já passou pelas consultas básicas e realizou todos os exames solicitados pelo Hospital de Clínicas para a cirurgia. Porém, o próprio especialista do HC que antedeu inicialmente o caso disse que seria necessário esperar porque não havia anestesiologistas para acompanhar o procedimento. "Nós chegamos a consultar com um anestesista, e ele disse que dá parte dele ela estava dispensada, pronta para a cirurgia. Aí a gente ficou sem saber como marcar a cirurgia e procuramos novamente o médico, que disse que eu é que teria de correr atrás disso. Só que ele avisou que não tinha certeza de para quando a cirurgia seria marcada porque o hospital estava sem anestesista", relatou Marilena. A mãe acrescentou ainda que ela e a filha, junto com o bebê recém-nascido, já haviam viajado à capital para agendar o procedimento duas outras vezes antes. Na primeira vez, o HC alegou impossibilidade por causa de uma greve na instituição. Depois, falaram que não havia médico para operar a jovem. "E daí, na terceira vez, o médico disse que não tinha anestesista. Minha filha chora todos os dias, porque não é um problema simples. E ela ainda tem um bebê, que, às vezes, nem consegue amamentar." Contrato não renovado causou falta de especialistas Procurado, o HC confirmou que faltam anestesiologistas na instituição. A assessoria de marketing do hospital explicou que a falta ocorre porque o contrato que era mantido com uma cooperativa responsável por fornecer os especialistas acabou no dia 28 de maio e não foi renovado. Isso porque esta cooperativa não conseguiu apresentar a tempo um documento exigido para a renovação de contratos com órgãos públicos. Desde essa época, os únicos anestesiologistas do HC se dividem entre procedimentos cirúrgicos de emergência e atendimento a pacientes em exames mais invasivos, que só podem ser realizados com a pessoa sedada. O HC explicou também que cirurgia de Mariana ainda não foi realizada porque se trata de um procedimento eletivo, ou seja, não é considerado urgente. Mesmo assim, a expectativa da instituição é de que, com o início da execução do contrato com a nova cooperativa a partir da próxima segunda-feira (21) – e a consequente normalização dos trabalhos –, a jovem deva ser chamada para marcar a data da operação ainda na próxima semana. Em dias em que o quadro anestesiologistas está completo, o HC realiza, em média, 30 cirurgias num período de 24 horas, informou a assessoria de marketing. Com a falta destes especialistas, a média cai para entre 12 e 15 procedimentos diários. Os dados indicam que, desde o dia 29 de maio até terça-feira (15), pelo menos 720 cirurgias deixaram de ser feitas no hospital.

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