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Cultura

Falta vínculo da população com espaços de leitura

A cada três anos, a Biblioteca Pública do Paraná faz um levantamento para saber como estão as bibliotecas no estado. A necessidade de um controle surgiu depois da constatação de que oscilava muito a quantidade de municípios que ora afirmavam ter uma biblioteca, ora diziam que ela não existia mais. "Antes, se a cidade tinha uma lei municipal de criação do equipamento, já considerávamos que ela estava assistida. Só que percebemos que, mesmo existindo a lei, muitos municípios começaram a doar livros para as escolas públicas e, depois, fecharam as unidades", conta a bibliotecária e chefe da Divisão de Extensão da Biblioteca Pública, Maria Marta Sienna.

A falta de vínculo da biblioteca com a população é uma das principais causas do fechamento. "É um círculo vicioso. As pessoas não procuram porque não sabem que ela existe. E a própria biblioteca deixa de ter importância (e é fechada) porque a população não a procura", diz Maria Marta.

Em dois municípios dos 50 consultados pela reportagem, Rio Branco do Sul e Campo Magro, moradores declararam que nunca ouviram falar de biblioteca pública na cidade. Mas elas existem, segundo as prefeituras. Pontal do Paraná, no litoral do estado, também possui uma biblioteca que a população não usa. São duas unidades, situadas nos extremos do município. De um lado, a Abílio João Vizzoto, no balneário de Ipanema. Aberto em setembro de 2007, como parte do programa Biblioteca Cidadã, o local conta com equipamentos de informática para os visitantes, acervo de 7 mil livros, funcionários especializados e média mensal de 160 usuários. "Venho aqui três vezes por semana para buscar livros de histórias infantis, informação para pesquisa de escola e gibis. Às vezes, também uso a internet. Adoro estar aqui", conta a estudante do ensino fundamental Natasha Ferreira Saldanha, de 11 anos.

Já na biblioteca localizada em Pontal do Sul a realidade é bem diferente. Os livros e revistas parecem simples decoração. Não existem funcionários específicos para cuidar do atendimento, nem mesmo um controle da quantidade de obras presentes no acervo. "São raros os momentos em que alguma pessoa entra no prédio em busca de livros", informa uma funcionária da Secretaria do Meio Ambiente de Pontal do Paraná, que o divide espaço com a biblioteca. "É uma situação complexa. Existem somente duas casas aqui nas proximidades. Os estudantes do Centro de Estudos do Mar não encontram aqui livros úteis para pesquisa segmentada. Acho que, além de mim, só o cachorro que mora nos fundos deve prestar atenção nas prateleiras", lamenta o auxiliar-geral Wladmir Flizikowski, também servidor municipal.

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