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Líder de movimentos diz que 400 pessoas ocupam o prédio | Gerson klaina/Tribuna do Parana
Líder de movimentos diz que 400 pessoas ocupam o prédio| Foto: Gerson klaina/Tribuna do Parana

A antiga sede do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) em Curitiba, que fica na Rua Marechal Deodoro, centro da capital, foi ocupada na manhã desta quarta-feira (15) por movimentos populares e famílias que aguardam na fila para conseguir uma moradia da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab). As famílias reclamam que a entidade municipal não lhes dá resposta e que estão sem local para morar. Os movimentos sociais invadiram o prédio e querem uma negociação com o governo federal para que a antiga sede do INSS seja usada para abrigar as famílias.

Famílias reclamam de demora na fila da Cohab

A Gazeta do Povo conversou com duas mulheres que disseram que aguardam na fila da Cohab por uma casa para morar. Os nomes não foram divulgados porque a Companhia informou que não havia dados sobre elas na fila de espera.

Uma delas é uma jovem de 24 anos que vive de favor na casa de um cunhado com o marido e três filhas. Ela estaria há quatro anos na fila de espera da Cohab. “Não tenho privacidade, não tenho condições de ter o meu lar. Se aqui [prédio do INSS] está disponível, não vejo problemas em ocupar” diz.

Outra moradora que também disse estar na fila de espera é uma artesã de 59 anos. Ela vive de favor na casa de uma nora. A artesã cuida ainda de uma neta. “Estou doente, preciso de remédios e alimentação especial. E tenho que encontrar um colégio perto de casa para minha neta. Nessa situação fica difícil”, comenta.

A Cohab informou que são cerca de 70 mil pessoas na fila por uma moradia popular em Curitiba. Toda são distribuídas em três grupos, de acordo com a renda salarial: o primeiro grupo é de pessoas com renda de até R$ 1,6 mil, e que passam por sorteio para receberem a nova residência; o segundo grupo vai da faixa salarial entre R$ 1,6 mil e R$ 3.275; e o terceiro grupo é de pessoas com renda acima de R$ 3.275.

Todos os moradores que aguardam pela casa e que tem renda acima de R$ 1,6 mil ficam na fila de espera, em média, entre três e quatro anos. No caso de quem passa por sorteio, a Cohab afirma que não tem como precisar o tempo de espera.

A ocupação ocorreu por volta das 7 horas, liderada pela União Nacional por Moradia Popular (UNMP) e pela Central de Movimentos Populares (CMP). Fábio da Silva, coordenador municipal em Curitiba do CMP, diz que são 400 pessoas que ocupam o edifício. Ele afirma que há demora por parte da prefeitura em destinar casas populares para as famílias. “A Cohab não consegue construir moradias para essas pessoas. Tenho aqui casos de pessoas que estão vivendo de favor, pagando aluguel, ou embaixo de viadutos”, diz.

O objetivo dos movimentos é que o prédio seja utilizado como moradia pelas famílias que aguardam na fila de moradia popular e que não receberam respostas. Eles pretendem usar um programa do governo federal, o Minha Casa Minha Vida Entidades – que destina moradias a famílias que constam em cadastros de cooperativas habitacionais, associações e demais entidades privadas sem fins lucrativos – para pagar pelo prédio do INSS.

“Vamos negociar com o governo federal para dar a essas famílias essas o espaço, que está abandonado há cerca de 30 anos. Com isso, as famílias poderão pagar uma mensalidade [como ocorre no Minha Casa Minha Vida]”, explica.

Reivindicação antiga

Esta não é a primeira vez em que movimentos que lutam por moradia popular ocupam o prédio do INSS. A reivindicação para que o local seja adaptado como moradia para a população à espera da casa própria é antiga. Em 2009 houve uma ocupação do espaço por cerca de 50 pessoas, que pediam o repasse do imóvel para moradores. Na época, os manifestantes também pediam ações da Cohab para a liberação de uma área na Vila Guaíra, em Curitiba, para a construção de moradias.

Da mesma forma, em 2011, os movimentos populares entraram no imóvel pedindo que o INSS o repassasse aos moradores, mas não houve negociação. O instituto chegou a entrar, naquele ano, com um pedido de reintegração de posse.

Com a ocupação ocorrida nesta quarta-feira a reportagem entrou em contato com o órgão do governo federal para saber sobre a possibilidade de negociação do local com os movimentos sociais, mas, até as 14h, não houve retorno do pedido.

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