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Cerca de 150 pessoas fizeram um protesto, na tarde desta terça-feira (6) em frente ao Fórum de Campo Largo (região metropolitana), contra uma ordem de despejo para 12 famílias que moram no Jardim São Lucas, no bairro Ferraria. A área é uma invasão e o processo de reintegração de posse começou em 1998. A proprietária é a empresa AZ Imóveis, que compra e vende lotes em Curitiba e região. Após reunião com os moradores, o juiz decidiu suspender provisoriamente a ordem de reintegração de posse.

O protesto durou cerca de 1 hora e 40 minutos e transcorreu de forma pacífica. Os moradores levaram faixas e cartazes para protestar contra a ordem de despejo. Uma comissão de manifestantes foi recebida pelo juiz e promotor responsáveis pelo caso. "Querem que as pessoas saiam do local e vão para rua. A nossa discussão é essa. Senão podem ficar lá que sejam realocadas", afirmou Fernanda Queiroz, presidente da Associação dos Moradores do Jardim Kelly Cristina, Santa Ângela e São Lucas.

De acordo com Fernanda, a ação de reintegração de posse foi julgada em 2000 e somente agora acataram a decisão de despejo. "Nunca ninguém foi notificado, avisado sobre essa reintegração. No dia 25 de setembro as pessoas foram informadas que teriam que deixar as casas", disse. Quatro famílias teriam 15 dias de prazo e outras oito 30 dias para deixar as casas. "Serão colocadas 17 crianças na rua. Acredito que na mesma região tenham 400 famílias morando em áreas irregulares. Amanhã (quarta-feira) podem ter novas ações de despejo e não podemos admitir isso", afirmou a presidente da associação de moradores.

A ideia dos manifestantes era ganhar tempo e negociar com a prefeitura outro local para as famílias morar. "Vamos fazer uma reunião com o prefeito (Edson Basso – PMDB) até o fim dessa semana. Ninguém quer morar de graça. As pessoas querem ser realocadas para um local seguro e que possam pagar por isso", definiu Fernanda Queiroz.

De acordo com a assessoria de imprensa da prefeitura, Edson Basso estava disponível nesta terça-feira e manifestou interesse em ir ao local da invasão para discutir sobre a situação, mas os organizadores do protesto preferiram fazer a manifestação em frente ao Fórum.

Tempo para discussão

Na reunião da tarde desta terça-feira, o juiz solicitou a suspensão provisória da liminar de reintegração de posse até que seja feita uma análise social do caso. A prefeitura, representantes da AZ Imóveis, do Ministério Público e dos moradores vão debater novamente o caso. Segundo João Marcos Cavalin Cuba, diretor de Assuntos Habitacionais e Comunitários da prefeitura de Campo Largo, 60 casas vão ser construídas no Jardim São Lucas no ano que vem.

Cuba afirma que no município inteiro existem 1.700 famílias em situação semelhante, em áreas irregulares e de risco. Os moradores que receberam a ordem de despejo estão na área de proteção ambiental (APA) do Passaúna. "O município de Campo Largo não tem condições de realocar imediatamente essas famílias. No mesmo bairro existem áreas da prefeitura que foram invadidas e já está sendo feito um trabalho de realocação na região. Estamos tomando as providências", definiu.

Segundo a assessoria de imprensa da AZ Imóveis a decisão de reintegração de posse foi concedida após ampla análise dos argumentos jurídicos das partes envolvidas. A empresa afirma que aguarda o cumprimento da decisão e rebate a informação de que os moradores nunca foram notificados sobre a ação.

"A empresa ressalta que a ação de reintegração corre desde 1998, ou seja, há 11 anos e que os moradores foram notificados de inúmeras formas ao longo do processo", explica a nota oficial encaminhada pela assessoria.

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