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Flagrante captado pela reportagem do comércio de drogas no bairro São Francisco | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Flagrante captado pela reportagem do comércio de drogas no bairro São Francisco| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Com ajuda da reportagem, polícia prende 5

A reportagem da Gazeta do Povo mostrou à Polícia Civil na última sexta-feira as imagens que gravou da feira de drogas no cruzamento das ruas Paula Gomes e Trajano Reis. Naquela mesma noite a Divisão Estadual de Narcóticos (Denarc) fez uma campana no local para checar as informações.

Na noite seguinte, o delegado Cassio Dias Conceição coordenou uma operação que teve ajuda da Guarda Municipal e resultou na prisão de cinco suspeitos e na apreensão de 203 gramas de maconha, 19 papelotes e cocaína, quatro comprimidos de ecstasy e 10 papelotes de LSD. Outras cinco pessoas foram levadas à delegacia para assinar um Termo Circunstanciado como usuárias.

Foram presos em flagrante Diwegerson Douglas da Silva, 22 anos, Lucas Henrique Kreia, 18 anos, Felipe Grosskoes Silva, 22 anos, Robson Araújo, 23 anos, Jonathan dos Santos Medeiros, 19 anos. Com Diwergerson a polícia encontrou R$ 201 em dinheiro e 63 gramas de maconha. Lucas estava com 80 gramas de maconha. Felipe portava 30 gramas de maconha, nove papelotes de cocaína, quatro comprimidos de ecstasy e 10 papelotes de LSD. Robson estava com R$ 132 em dinheiro e sete papelotes de cocaína. Jonathan carregava 30 gramas de maconha e três papelotes de cocaína.

Diversão

Dois dos cinco presos são de cidades da Região Metropolitana de Curitiba e os outros três moram em diferentes bairros de Curitiba. Eles disseram que estavam no local para se divertir, mas não convenceram a polícia. Os criminosos, conforme a polícia, costumam ficar com pouca droga, para ludibriar as autoridades como se fossem apenas usuários, e vão sendo abastecidos por terceiros ao longo da noite.

Até a manhã de ontem eles estavam na Denarc, de onde foram transferidos para a Delegacia de Furtos e Roubos. Até o início da tarde nenhum parente ou advogado apareceu procurando por eles.

A Denarc já havia feito três operações nessa região no início do ano. Com o tempo, o tráfico acaba voltando.

  • Tráfico de entorpecentes acontece livremente no São Francisco
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No coração do bairro São Francisco, no cruzamento das ruas Paula Gomes e Trajano Reis, moradores, comerciantes e frequentadores dos bares da região convivem com uma feira livre noturna inusitada de produtos orgânicos e não orgânicos. O trecho está sendo chamado de "feira livre de drogas". Vende-se crack, maconha, LSD e cocaína. Qualquer um pode ser abordado e os "feirantes" revelam ousadia. Em duas ocasiões, a reportagem flagrou a realidade do local e foi abordada por traficantes que prospectavam novos fregueses para o seu comércio clandestino.

SLIDESHOW: Veja fotos do tráfico no São Francisco

VÍDEO: Imagens mostram o uso e o comércio de drogas na região central de Curitiba

De cara limpa e sem qualquer inibição, um grupo de jovens aparentando ter entre 17 e 25 anos oferecem droga e deixam rastro de violência e medo na região. Alguns moradores acabam presos dentro da própria casa. Em um caso relatado à reportagem, uma moradora deixou de ir trabalhar após ver um dos traficantes violentar sexualmente um usuário de droga próximo à sua casa. "Não tive coragem de ir trabalhar naquele dia. Fiquei traumatizada."

Coação e medo

A moradora diz ter sido vítima de dois assaltos praticados por "noiados". "Por sorte, tinha o celular para dar. Se não, ele me matava. Com uma faca na minha barriga, ele falou: não corra." Outro morador relata problemas semelhantes. Ele diz ter perdido as contas de quantas vezes chamou a polícia. Duas semanas atrás, inclusive, viu usuários atirarem pedras contra a janela de um morador que mostrou insatisfação com a movimentação da "feira livre".

"Desde que esse ponto de tráfico começou, rezo todos os dias pela chuva. Porque ela afugenta um pouco os usuários e os traficantes. Como não chove todo dia, sobra pra gente explicar para os nossos filhos o que é aquilo e o que provoca na sociedade", diz um homem que mora há mais de duas décadas no bairro São Francisco.

Essa violência e o clima descritos têm colocado uma pressão em cima dos comerciantes que já avisaram a polícia, segundo contam. "Nosso medo é que possa acontecer uma briga, uma disputa entre eles e acabar muito mal para todos nós", explicou um comerciante da região. Além disso, há um medo estabelecido de a região ficar rotulada como ponto de venda e consumo de drogas. "É ruim para todo mundo", lamenta.

Os clientes

O movimento de clientes é grande na feira livre de drogas no São Francisco. Em sua maioria, são jovens de classe média e alta entre 18 e 30 anos, que avançam pela madrugada atrás de uma carreira, um baseado ou uma pedra. Depois, saem, caminham, dão uma volta na quadra para "desbaratinar". Eles não têm a mesma desenvoltura dos vendedores, mas ficam bem à vontade. No caso da maconha, o cigarro é queimado ali mesmo.

Tráfico é escancarado e vendedores agem como donos do pedaço

Ao chegar a um dos bares na esquina das ruas Paula Gomes e Trajano Reis, é evidente o movimento diferente. Um rapaz de boné, bermuda jeans e jeito de moleque caminha para lá e para cá, com ar superior, como se mandasse no local. Conversa com alguns amigos. Dividem-se. Em uma esquina, um rapaz bem apessoado oferece a droga e conta o dinheiro recebido. Chegou, passou a grana, levou a droga. É assim que funciona. Sem mais, nem menos. Aos olhos de todos.

Do outro lado, o jovem de bermuda jeans traz para perto do grupo um cliente. Pede para esperar um minuto, pega algo em uma mochila e o chama para outra ponta da esquina, já na Rua Paula Gomes. Ali, ele consolida a venda. Depois volta para o grupo, onde cheira uma carreira de cocaína no colo de alguém.

O grupo é unido. Estão em dez, às vezes doze. Passam a noite inteira conversando e articulando. "Trazem até marmita para passarem a noite sem fome", informa um morador da região. E há até quem carregue o filho junto – uma criança, com cerca de 5 anos de idade, que fica no local a noite inteira enquanto a mãe vende drogas.

Drogas no São Francisco

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