Oito anos após a apresentação do projeto, o Parque da Imigração Japonesa, no Jardim Icaraí, no Uberaba, tem novo prazo para ser concluído: setembro de 2016, um mês antes das eleições municipais. Enquanto isso, vizinhos do novo equipamento público de Curitiba avaliam que o que foi feito até agora não trouxe qualquer benefício para a região. A estrutura metálica que celebra o centenário da imigração japonesa foi inaugurada no fim de 2012, mas sofreu com vandalismo por estar incompleta e sem qualquer utilização.
A retomada das obras ocorreu em agosto deste ano. Na última semana, porém, a reportagem contou três pessoas trabalhando no local.
O projeto foi apresentado pelo então prefeito Beto Richa em 2007, durante um encontro com o deputado federal Hidekazu Takayama, que presidia o Grupo Parlamentar do Centenário da Imigração. A área de 500 mil m² serviria para proteger a Bacia Hidrográfica do Rio Iguaçu e, nas palavras de Richa, “ofereceria oportunidades de emprego e uma nova área de lazer”.
A obra começou na gestão do ex-prefeito Luciano Ducci e foi inaugurada por ele sem estar acabada. Já a atual gestão, de Gustavo Fruet, deixou o espaço parado até o último mês de agosto, quando retomou as obras. Nesses três anos, foram gastos R$ 360 mil com a manutenção da estrutura, dos lagos e gramados, além de despichação e recuperação de áreas vandalizadas.
Nem sei o que vai ser aquele monumento. Nem sei se vamos poder entrar para passar um domingo, se vai ter biblioteca. Hoje, digo que é só dinheiro público jogado fora.
Segundo a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, a obra já consumiu R$ 2,1 milhões e ainda será gasto mais R$ 1,475 milhão. Há uma ordem de serviço em execução para instalação de piso em madeira, portas, iluminação interna, corrimãos e complementação do forro. Isso deve ser concluído em janeiro.
As ordens de serviço para implantação da ciclovia, construção de sede de moradores, iluminação externa e sistema de climatização devem ser emitidas no primeiro trimestre de 2016.
Mas, mesmo com a retomada dos serviços, a aparência de espaço abandonado permanece. Os vidros estão todos quebrados e há pichação por todos os lados, até mesmo no topo da estrutura metálica e dentro do espaço.
Cobrança vai além da proteção ambiental
Projetados para conter as cheias do Rio Iguaçu, os dois grandes lagos na frente do Parque da Imigração Japonesa beneficiaram a região, que sofre com enchentes–a última delas em março de 2014. A proteção ambiental, entretanto, não foi suficiente para convencer a população local. “Realmente ajudou um pouco. Mas temos muito mais problemas aqui”, diz o pintor Wellignton Generoso.
Além disso, 1,3 mil famílias que viviam em condições irregulares ou insalubres foram reassentadas – 855 na antiga gestão e 473 na atual. Mas quem ficou herdou um novo problema: os lotes vazios não foram revitalizados e há entulho de demolição em dezenas deles, o que favorece invasões. Generoso conta que nos últimos dias a Cohab esteve no local para retirar invasores que já haviam instalado até barracas. O órgão confirma que tem atuado para evitar o problema.
Enquanto espera pela abertura da estrutura metálica e da ciclovia, Euzimara do Rocio Santos convive com essa situação. Ela está em uma rua onde a maioria das famílias foi reassentada. Sobraram apenas duas. A Cohab informou que, a princípio, já realizou todos os reassentamentos previstos na instalação do parque. Já a prefeitura disse que estuda uma solução para a remoção dos entulhos. Mas que isso ainda depende de novos recursos e a definição de um local para o material–algo que não teria sido previsto no projeto original.
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