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Aviação

"Foi o pouso mais 'manteiga' da minha vida", diz piloto da Avianca

A FAB considera que, diante da emergência, o pouso foi satisfatório. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos irá apurar o acidente

Menos de dois dias depois de ter feito um bem-sucedido pouso de emergência no aeroporto de Brasília, o comandante Eduardo Verly, 45, diz que não se sente um herói.

"Sei que as pessoas estão me achando herói, mas não sinto um herói. Dou risada quando ouço porque acho engraçado. Mas sou uma pessoa normal, que foi treinada e seguiu todos os procedimentos em casos assim".

Na hora, diz, "o pouso foi o mais manteiga da minha vida", "pouso manteiga" é um pouso suave, no jargão da aviação.

A "ficha", diz o comandante, só caiu no hotel, mais de duas horas depois de o Fokker-100 da Avianca em que estava ter aterrissado sem o trem de pouso dianteiro na pista de Brasília - ninguém se feriu no acidente.

"Fiquei um tempo embaixo do chuveiro, aí que veio o filme e relembrei a proporção, como que foi o negócio. Ouvi o áudio da conversa com a torre e não me reconheci."

Católico não praticante, disse que "conversou bastante" com Deus depois que tudo acabou bem. "Tenho que agradecer pela frieza, pela calma e pelas tomadas de decisão. Mas na hora, dentro do avião, não pensei em nada."

Entenda o acidente

A aeronave da Avianca fez o pouso forçado de "barriga" na pista do aeroporto de Brasília, na tarde desta sexta (28), porque o trem de pouso não funcionou.

O avião fazia o voo O6 6393, que havia saído de Petrolina (PE) com 44 passageiros e cinco tripulantes a bordo - a capacidade máxima é de 100 pessoas.

De acordo com a FAB (Força Aérea Brasileira), o piloto informou o problema à torre de comando às 17h05 e pousou às 17h55.

A pista onde o avião pousou há duas no aeroporto só reabriu três horas depois.

Antes do pouso forçado, Verly foi obrigado a gastar o combustível do avião, para a aeronave aterrissar de maneira mais leve e reduzir a velocidade do pouso e o risco de explosão. Para tal, voou sobre Brasília por 50 minutos.

Durante esse período, o piloto declarou à tripulação e passageiros que faria um pouso de emergência. Em terra, equipes do Corpo de Bombeiros ficaram de prontidão para despejar espuma sobre a pista. O procedimento reduziu o atrito do avião com o solo.

Os passageiros foram retirados por escorregadeiras infláveis acionadas nas duas portas dianteiras do avião.

A FAB considera que, diante da emergência, o pouso foi satisfatório. Ao aterrissar, o avião tocou o solo primeiro com o trem traseiro.

Ninguém se feriu, segundo a Avianca e a concessionária Inframérica, que administra o aeroporto de Brasília.

O copiloto teve dores na coluna. Ele foi atendido em um hospital na capital federal.

O Fokker-100 acidentado, prefixo PR-OAF, fez o primeiro voo em 1992 e está na Avianca desde 2006.

Investigação

O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) irá apurar o acidente. Entre as possibilidades estão falha hidráulica, elétrica ou mecânica.

O órgão disse que não tem prazo para concluir a investigação.

Piloto evitou manobras bruscas para não assustar passageiros

Calmo e sereno, o piloto da Avianca que fez o pouso forçado de 'barriga' no aeroporto de Brasília, anteontem, adotou um protocolo de segurança para não assustar os passageiros.

A bordo estavam 49 pessoas - a capacidade da aeronave é para 100.

Durante a conversa com a torre de controle do aeroporto para definir a melhor forma de pousar, o piloto do voo O6 6393 descreveu a falha e todos os procedimentos adotados.

Quando verificou que o trem de pouso dianteiro não iria funcionar, o piloto solicitou a presença de equipes do Corpo de Bombeiros e ambulâncias em terra.

Um das medidas adotadas pelo comandante foi sobrevoar a capital federal por 50 minutos, para gastar o máximo possível de combustível e diminuir qualquer risco de explosão.

Ele também evitou fazer manobras bruscas para manter os passageiros calmos.

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